Volto à reportagem da BBC sobre o estudo do geneticista Sérgio Danilo Pena, da UFMG, a respeito da ancestralidade africana dos brasileiros. No Cebrap, onde trabalhei 13 anos, a transdisciplinaridade era questão de sobrevivência. Tive a sorte de contar com a ajuda de um geneticista, Marco A. Zago, da USP, na seção " a unificação microbiana do mundo", que trata da pouca resistência imunológica dos índios frente aos africanos e europeus, no cap. 4 meu livro O Trato dos Viventes.
Meu post comentava a notícia da BBC, a mais respeitada empresa de mídia do mundo. Assinalei aqui as matérias muito interessantes que a BBC fez ultimamente sobre o tráfico negreiro em geral e a situação do clero negro no Brasil em particular. Não obstante, na notícia sobre a ancestralidade africana aparecem, do jeitinho que citei –, é só ler o link -, informações desastradas sobre o tráfico negreiro. Tentei em seguida, em vão, acessar o estudo original de Pena. Parece que o texto ainda não foi publicado. Mas, no material da Fapesp, pude ouvir seus comentários (bloco 3 do programa de rádio de 05/05/2007) e, alertado pelo comentário de Milton Ohata, ler mais detalhes sobre sua pesquisa (n° 134, de abril 2007, da Revista Pesquisa Fapesp). Assim, há uma pesquisa paralela, ainda não publicada, com negros do Rio e do RS, conduzida pela equipe da geneticista Maria Cátira. De seu lado, Pena e Flávia Parra também analisaram dados de 173 homens brancos, negros e pardos no interior de MG. Em nenhum lugar Pena aparece dizendo que a cidade de São Paulo (onde os estrangeiros formavam 1/3 da população nos anos 1920 e 1930) é representativa da população brasileira, ou que não há estatísticas sobre o tráfico de africanos entre 1830 e 1850. Fica assim preservada a integridade científica de Sérgio Danilo Pena e a seriedade de sua pesquisa.
O leitor João Paulo Rodrigues atribui às jornalistas da BBC os disparates sobre o tráfico negreiro misturados à reportagem sobre o estudo de Pena. Se tiver sido este o caso, Pena deveria ter ido pra cima delas e desautorizado a confusão. Algumas das afirmações ali contidas são propriamente inaceitáveis porque contrariam fatos bem estabelecidos e -, sobretudo -, desestimulam novas pesquisas e os novos pesquisadores (cf. 2° e 4° do post anterior). Se depois de 200 anos de estudos por gerações de especialistas, tudo ainda está “nebuloso”, faltam carradas de cifras e, ainda por cima, Rui Barbosa botou fogo nos documentos, por que um jovem pesquisador iria querer trabalhar sobre o assunto?
Aliás, por que a BBC Brasil não corrigiu logo os erros flagrantes da reportagem difundida “com um bocado de alarde”?
Meu post comentava a notícia da BBC, a mais respeitada empresa de mídia do mundo. Assinalei aqui as matérias muito interessantes que a BBC fez ultimamente sobre o tráfico negreiro em geral e a situação do clero negro no Brasil em particular. Não obstante, na notícia sobre a ancestralidade africana aparecem, do jeitinho que citei –, é só ler o link -, informações desastradas sobre o tráfico negreiro. Tentei em seguida, em vão, acessar o estudo original de Pena. Parece que o texto ainda não foi publicado. Mas, no material da Fapesp, pude ouvir seus comentários (bloco 3 do programa de rádio de 05/05/2007) e, alertado pelo comentário de Milton Ohata, ler mais detalhes sobre sua pesquisa (n° 134, de abril 2007, da Revista Pesquisa Fapesp). Assim, há uma pesquisa paralela, ainda não publicada, com negros do Rio e do RS, conduzida pela equipe da geneticista Maria Cátira. De seu lado, Pena e Flávia Parra também analisaram dados de 173 homens brancos, negros e pardos no interior de MG. Em nenhum lugar Pena aparece dizendo que a cidade de São Paulo (onde os estrangeiros formavam 1/3 da população nos anos 1920 e 1930) é representativa da população brasileira, ou que não há estatísticas sobre o tráfico de africanos entre 1830 e 1850. Fica assim preservada a integridade científica de Sérgio Danilo Pena e a seriedade de sua pesquisa.
O leitor João Paulo Rodrigues atribui às jornalistas da BBC os disparates sobre o tráfico negreiro misturados à reportagem sobre o estudo de Pena. Se tiver sido este o caso, Pena deveria ter ido pra cima delas e desautorizado a confusão. Algumas das afirmações ali contidas são propriamente inaceitáveis porque contrariam fatos bem estabelecidos e -, sobretudo -, desestimulam novas pesquisas e os novos pesquisadores (cf. 2° e 4° do post anterior). Se depois de 200 anos de estudos por gerações de especialistas, tudo ainda está “nebuloso”, faltam carradas de cifras e, ainda por cima, Rui Barbosa botou fogo nos documentos, por que um jovem pesquisador iria querer trabalhar sobre o assunto?
Aliás, por que a BBC Brasil não corrigiu logo os erros flagrantes da reportagem difundida “com um bocado de alarde”?
Nenhum comentário:
Postar um comentário