quarta-feira, 30 de maio de 2007

Um bom trabalho mal feito


Saiu em vários sites e jornais, com fotos de negros brasileiros famosos, um estudo organizado pela BBC e o geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, sobre a ascendência africana de nosso povo. Comento afirmações equivocadas que podem comprometer as conclusões do estudo.
1° - “Apesar de ter sido feito em um grupo negros em São Paulo, o estudo tem uma representatividade nacional porque, com as migrações internas, durante e após a escravidão, a cidade se tornou, de certa forma, um caldeirão genético do Brasil”
- Não é bem assim. O Rio de Janeiro foi, a partir de 1700, com o início da exploração do ouro, o verdadeiro pólo de atração do tráfico negreiro no Atlântico. O Rio é, aliás, o maior porto negreiro das Américas. No Rio viviam, em 1849, 266.000 habitantes dos quais 110.000 (41%) eram escravos, formando a maior concentração urbana de cativos das Américas. Depois, a cidade Rio foi também o grande centro do tráfico interno e de migrantes livres do Brasil inteiro. Ou bem se fazia uma amostragem pelo país, ou bem se escolhia o Rio, e não São Paulo. De Bissau e da Senegâmbia em geral, vieram dezenas de milhares de escravos para o Brasil, a maior parte foi dirigida para o Maranhão e o Pará. A notícia sobre o estudo nem dá por isso.
2°- “Segundo o estudo, a origem dos escravos levados para o Brasil sempre foi um assunto nebuloso, sem documentação completa. Para evitar pedidos de indenização, documentos históricos sobre a escravidão foram queimados após a abolição, em 1888”.
- A afirmação revalida o argumento dos preguiçosos: não dá para estudar direito a escravidão porque Rui Barbosa destruiu os documentos. Já se demonstrou que os documentos queimados foram poucos. Além do mais, a administração pública brasileira não tem a nada a ver com o KGB ou a Gestapo: se os funcionários recebessem ordem para destruir tudo pegariam o serviço devagar e sobraria muita coisa. Sobretudo, os documentos sobre a escravidão estão entranhados em todos os papéis escritos ou impressos do Brasil. É tão difícil destruí-los quanto eliminar os papéis em que haja menção aos paulistas ou aos baianos. Mesmo que se queimasse a papelada toda e até bula de remédio, ainda ficariam os registros dos consulados estrangeiros e, em particular, do consulado britânico. A Inglaterra fêz três CPIs sobre o tráfico negreiro nos anos 1840: os autos estão entulhados de dados sobre o Brasil.
3° “Acredita-se que entre 3,6 milhões e 4 milhões de escravos tenham sido trazidos para o Brasil entre 1550 a 1870”.
- Há quase 20 anos, desde o livro de David Eltis, Economic Growth and the Ending of the Transatlantic Slave Trade, Oxford University Press, Oxford, U.K. 1989, sabe-se que os africanos desembarcados no Brasil, até 1856 e não 1870, sobem a mais de 4 milhões de indivíduos.
4° “Não há dados, por exemplo, sobre o enorme número de africanos transportados ilegalmente após 1830, quando o Brasil assinou um tratado com a Inglaterra para acabar com o comércio de escravos. A falta dessas informações dificulta que se saiba, exatamente, de onde vieram africanos trazidos para o Brasil.”
- Essa é demais! Os ingleses tinham alcagüetes entre os negreiros e marinha de guerra no Atlântico: sabiam das coisas. Desde 1850 publicaram estatísticas – copiadas pelo governo brasileiro e conhecidas há décadas pelos historiadores – sobre o período. Eltis, citado acima, completou os dados em 1989. Mas
Maurício Goulart em Escravidão africana no Brasil: das origens à extinção do tráfico (1949, 2ª ed., 1975) já tinha parcialmente resolvido o assunto em 1949. Desembarcaram 710.000 africanos entre 1831 e 1856, a cifra tá na boca do povo, e sabe-se de onde eles vieram. (ler abaixo a carta de Carlos Antônio Leite Brandão, os outros comentários anexos e, acima, o post « Um bom trabalho mal comentado »)

13 comentários:

Dourivan Lima disse...

Professor,

Apertei acidentalmente o link de sinalização de conteúdo impróprio (tenho a estranha mania de ficar passeando o mouse pela página enquanto leio, o que já me gerou até uma tendinite).

A "denúncia" não deve gerar maiores conseqüências, mas fica registrado aqui o respeito e a admiração deste leitor.

Dourivan Lima
Goiânia
dourivan@terra.com.br
dourivanlima@gmail.com

Márcia W. disse...

Pois é, Professor
Volta e meia lemos algum intelectual do "Sul" revoltado com essa eterna repetição de clichês históricos e sociais. Claro que quando repetidos por, sei lá, a caixa do supermercado ou um estudante de matemática, a gente deixa passar ou suspira e tenta explicar que no Brasil, por excemplo, também faz frio e tem rodízio de sushi. Mas quando esses clichês são eternizados no círculo acadêmico é, para dizer o mínimo, muito grave. Mesmo quando estudos se baseiam em pesquisas de pessoas do "Sul", a conclusão é aquele pacotinho de lugares-comuns. Minha vivência aqui na Europa me mostrou como os europeus, em geral, só ouvem e aceitam o que eles querem ouvir, o que eles antes da partida já tinham concluído. Esse caso que você conta aqui parece ser uma variação do tema, mesmo levando em conta que provavelmente a BBC tenha feito tudo com a melhor das intenções. Mas de boas intenções etc etc etc...
abs

Márcia W. disse...

PS para meu comentário acima. O outro lado da moeda é, claro, os pesquisadores brazucas ou do "Sul" que acabam falando e escrevendo apenas aquilo que sabem será ouvido nas matrizes, talvez até inconscientemente. Tomara que algum dia a gente consiga quebrar essa retro-alimentação infeliz.

Anônimo disse...

Bom dia,professor.Peço desculpas antecipadamente por postar sobre assunto diverso deste aqui tratado,mas não resisto a lhe fazer um pedido.Estarei presente à FLIP,em julho,onde o senhor será um dos palestrantes.Por favor,não faça de sua fala um burocrático expor de dados,não use a enfadonha leitura de texto como método de exposição.Digo isso pois há duas FLIPs atrás um colega seu,lá do Recife, assim o fez.Foi intragável!Faça algo diferente;fale sobre a História,mas também conte-nos estórias,por vezes mais reveladoras e interessantes.Enfim,conquiste-nos!

Na Prática disse...

Caro Professor,

Sua crítica à amostragem é irrespondível, mas, só para desenvolver o tema, pergunto: é possível prever a direção do viés que o erro de amostragem traria? Por exemplo, se os negros ignorados na amostragem não tinham, em geral, sangue europeu, isso negaria a hipótese da pesquisa. Mas se eles tivessem maior probabilidade de ter sangue europeu, talvez o apoio à hipótese fosse ainda maior. Há algum indício historiográfico em um ou outro sentido?

Desde já advirto que não sou da UFMG, não sou geneticista, e não entendo nada do assunto, só fiquei curioso.

Anônimo disse...

Caro professor,

o estudo em questão foi publicado na revista Pesquisa FAPESP há dois números. Fiquei com os dois pés atrás. Pode ser encontrado, creio, no site da instituição. Falava-se em "reviravolta" na demografia, agora se vê que um tanto apressadamente. O que tenho notado na universidade é que os grandes grupos de pesquisa, a despeito da alta qualidade que seus membros possam ter e como é o caso do grupo da UFMG, tendem ao autismo e a bibliografias fechadas, com pouco (ou nenhum) espaço para verificações como a que o Sr. fez. As verbas são direcionadas para esses grupos e há uma inevitável verticalização. O que talvez importe mais seja a "escala" da coisa, com uma estrutura para pesquisa realmente notável. Outsiders, independentes, malucos avulsos, ficam de fora.

bibi move disse...

Muito Obrigada pelo texto.
Sim, se pode achar coisas de valor em um passeio matinal pela internet.

Anônimo disse...

Em primeiro lugar, lamento que meu comentário anterior criticando a interpretação dada à foto do Serra com a espingarda não tenha sido postado, o que me faz suspeitar que toquei em algum ponto sensível da questão. E que também este comentário não vá passar. De qualquer forma, faço-o.
Em primeiro lugar, as declarações destacadas não são do geneticista, mas das jornalistas que assinam a matéria. Mas ainda que sejam a reprodução fiel do estudo, cabem as ressalvas:
1) A afirmação de Pena em nada é contestada pelo fato do Rio ter sido a cidade americana com maior população escrava do século XIX. O estudo não é um tratado histórico sobre o tráfico. Além do mais, se o Rio é um caldeirão do Brasil, não o é mais que São Paulo. Ou seja, se os 120 negros de São Paulo podem sobrevalorizar os genes euro-ameríndios, negros do Rio poderiam sobrevalorizar as origens bantu. O estudo, pelo que sai na imprensa sobre e do Sérgio Pena, não se pretende o ponto final no tema.
2) Aqui há uma confusão entre estudar as origens genéticas dos negros brasileiros com estudar a escravidão. Por isso é que o assunto é e ainda será em boa medida nebuloso. Tudo o que se sabe é bastante vago para os padrões atuais: Senegâmbia, bantus etc. se referem a realidades extremamente complexas, a milhões de indivíduos de dezenas de culturas distintas. Afinal, dizer que os escravos baianos vieram da África Ocidental, do Golf da Guiné, da Senegâmbia, de grupos lingüísticos iorubás é como afirmar que os brancos tem origem na Europa ocidental, ou que procedem de grupos latinos. Bem diferente é um descendente de italianos que tem como rastrear até o distrito ou a vila de onde vieram seus antepassados. Se é verdade que, neste aspecto os estudos genéticos não trazem nada de novo (pois eles também não descem a este nível de precisão), ao menos elucidam em indivíduos específicos o quanto de genes diferentes eles carregam, e de onde eles são.
4) Realmente a primeira frase é demais. Mas ela não incide sobre o conteúdo do estudo, e sim sobre sua propaganda. Ou seja, uma coisa é dizer que o estudo contraria o que se sabe baseado em métodos equivocados e em erros. O que não é o caso. Outra bem diferente é dizer que ele não traz nada de novo (uma afirmação menos simpática), e outra ainda é afirmar que ele apenas reforça o que se sabe. Portanto, o que os comentários revelam – por sua utilização do que vai no site da BBC e não no estudo em si – que meu colega historiador também não lê o que seus colegas geneticistas escrevem.

Anônimo disse...

E tem mais: o estudo testou negros de São Paul, Porto Alegre e - hélas! - Rio de Janeiro. Em outro estudo, os pesquisadores estudaram 173 homens negrs, brancos e pardos do interior de Minas Gerais, província com a segunda maior escravaria durante o Império.

luiz felipe de alencastro disse...

Soh houve um caso de censura de um post neste blog desde que ele existe: um carinha que insultava terceiros com as chamadas "palavras de baixo calão". Os outros que chegaram foram publicados, exceto os que me pediam para publicar soh uma parte de seu post. Não hà ferramenta para isso no blog: ou passa tudo ou tudo é cortado.
Quando um post não chega, pode haver 2 motivos: a) abri o Outlook no meu PC na Faculdade e o post caiu num anti-spam fuderal que tem là. às vezes dà para recuperar, outras vezes nem fico sabendo. é raro, mas acontece.
b) a pessoa que envia o post se enganou nos cliques e nos claques. o João Paulo que reclama de censura ai em cima, na sua mensagem, salta do ponto 2 para o ponto 4. fica jà o aviso: não censurei nenhum ponto 3!

Anônimo disse...

Não pretendia passar nenhuma insinuação de má fé. Contudo, como cada vez mais os comentaristas de blogs se sentem livres para soltar os cachorros, e alguns bloguistas preferem não publicar o que não lhes preza independente da linguagem usada, a gente acaba ficando um pouco grilado. Por isso, confirmo que fui eu mesmo quem pulou dos pontos 2 para o 4, para que nenhuma dúvida fique sobre o assunto.
Aproveito para solicitar, se possível, a indicação de onde encontramos os escritos do Ministro Joaquim Barbosa sobre as cotas.

Anônimo disse...

Belo Horizonte, 20 de junho de 2007

Prezado Professor,

Tendo lido suas considerações a respeito do estudo organizado pela BBC e pelo professor Sérgio Pena da UFMG, como nelas atribuído, cumpre-me, neste momento e manifestando a consideração e admiração que V. Sa. merece de minha parte e da UFMG, prestar alguns esclarecimentos e contestar sua opinião expressa no “blog” de que

“como muitas outras, a Universidade Federal de Minas Gerais é universidade só no nome, não se engajando na troca interdisciplinar implícita ao trabalho universitário. Cada pesquisador se enfia no seu canto e não sabe, nem quer saber, qual é o assunto da tese do cara ao lado. Durante 12 anos dei aulas na Unicamp onde isso também acontece. Se os excelentes geneticistas da UFMG tivessem procurado seus excelentes colegas do Departamento de História e de Demografia da UFMG, não teriam escrito tantas batatadas em seu estudo. Teriam feito um bom trabalho bem feito.”

Não entrando nas outras considerações sobre história, cultura e patrimônio genético do povo brasileiro, sobre os quais não tenho competência bastante para contribuir nesta discussão, cabe-me, contudo, contraditar suas considerações sobre nossa UFMG acima transcritas, ainda que brevemente. Inicialmente, por ser a UFMG uma universidade das mais empenhadas em providenciar mecanismos de interação entre conhecimentos, entre alunos e entre pesquisadores. Sabemos o quão assentada é a cultura disciplinar nos ambientes acadêmicos das universidades brasileiras e o quão é necessário promover uma cultura inter- e transdisciplinar para enfrentarmos os desafios do saber e dos problemas do século XXI. A criação e o fortalecimento do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG, em funcionamento desde 2000 e institucionalizado em 2005, bastaria como prova de que a UFMG tem promovido este ambiente e esta troca entre os vários campos. Sugiro que V. Sa. consultasse o site do IEAT/UFMG (http://www.ufmg.br/ieat) para verificar as inúmeras atividades já realizadas, em curso e previstas, tais como os livros publicados (“Conhecimento e Transdisciplinaridade I e II”, “As cidades da cidade”); os eventos promovidos (como “As fronteiras do saber” e “Portos e Portas: compreensão do passado, invenção do presente”, a serem brevemente disponibilizados no site); as séries Encontros Transdisiciplinares (realizadas desde 2001 e dentre as quais cito “Arte e Ciência”, em 2006, e “Cidadania Intelectual e Científica no século XXI”, em 2007); o programa de cátedras (como a atualmente ocupada pelo historiador Serge Gruzinski, da França); o programa de visitas internacionais (como a que está se realizando sobre ética e ciência, com o prof. Hugh Lacey). Dentre outras realizações e promoções conjuntas voltadas para a discussão de problemas contemporâneos, avançados e inter-, multi- e transdisciplinares consta, inclusive, o evento “O esquecimento da política” (2006), organizado pela Artepensamento e que veio a Belo Horizonte, inclusive trazendo V. Sa., através do apoio do IEAT e da UFMG, em parceria com o Museu Histórico Abílio Barreto.

Todas estas atividades desenvolvidas pelo IEAT, atualmente presidido por mim, são discutidas e decididas por um Comitê Diretor do Instituto, composto por cinco professores selecionados pelos órgãos superiores da UFMG dentre seus pesquisadores de reconhecida excelência, senioridade e desenvolvimento de conhecimentos de caráter avançado e transdisciplinar. São eles que vêm implementando e desenvolvendo as ações desta cultura transdisiciplinar e que tem feito nosso Instituto crescer, difundir-se nacional e internacionalmente, e promover várias iniciativas, como as acima referidas. Dentre este cinco diretores do IEAT destaco o nome do Prof. Sérgio Danilo Pena, o geneticista criticado em suas considerações de 30 de maio de 2007, e que, de forma alguma, trata-se de “um pesquisador que não se engaja na troca interdisiciplinar”, ou “que se enfia no seu canto e não sabe qual é o assunto da tese do cara ao lado”. Ao contrário: como membro do Comitê Diretor do IEAT, ele é um dos responsáveis pela presença constante em nosso instituto e nas atividades por ele promovidas ou apoiadas, de cientistas, artistas, demógrafos, engenheiros, médicos, filósofos, escritores e historiadores, dentre outros.

Reafirmando mais uma vez minha admiração por V. Sa. e suas pesquisas, mas não por este texto de 30 de maio de 2007, atribuído a V. Sa. cumpre-me prestar tais esclarecimentos e corrigir, portanto, a injustiça que me parece nele implícita contra a UFMG e o Prof. Sérgio Danilo Pena. Cumpre-me não só defende-los mas também conferir que tal injustiça não se suporta diante do exposto nos eventos, nas publicações e no site do IEAT, o qual mais uma vez sugiro a V. Sa. consultar, e nos trabalhos desenvolvidos pelo Prof. Sérgio Pena, inclusive em nosso Instituto e dos quais sou testemunha.

Atenciosamente,
Carlos Antônio Leite Brandão
Diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisiciplinares da UFMG

luiz felipe de alencastro disse...

Prezado Professor Carlos Antônio Leite Brandão

Agradeço seus esclarecimentos e suas palavras amáveis a respeito de minhas atividades universitárias e não blogueiras. Como milhões de outros, meu blog tem a forma de um diário que, na maior parte das vezes, registra reações a fatos e fotos publicados na Web. Meu post do dia 30/05/2007 intitulado « Um bom trabalho mal feito », reagia à notícia sobre a pesquisa do Prof. Sérgio Danilo Pena, tal como vinha explicitada na reportagem da BBC Brasil, como indica o link inserido no post. Iniciei meu post com uma frase clara: ”Comento afirmações equivocadas que podem comprometer as conclusões do estudo”.
Todos nós sabemos como é perniciosa a mistura de afirmações científicas, escudadas na genética, com as batadadas e os disparates da notícia da BBC que foram o alvo direto de minhas críticas (“Não há dados... sobre o enorme número de africanos transportados ilegalmente após 1830”). Quem disse isso? Qual foi o pesquisador da UFMG ou de qualquer universidade séria do Brasil ou do mundo que escreveu uma coisa destas nos últimos 150 anos? O prof. Pena tem todo o interesse em esclarecer este e outros pontos da dita notícia que poluem e comprometem as informações sobre seu trabalho.
Por minha parte, após acessar informações sobre a pesquisa em outras publicações e verificar que a notícia da BBC podia estar truncada, redigi o post « Um bom trabalho mal comentado », de 06/06/2007, corrigindo, já no título do post, a apreciação que atribuí, baseado na notícia equivocada, ao trabalho professor Pena. Assinalei também os outros links que davam um relato mais exato de sua pesquisa. Em conseqüência, deveria também ter suprimido o parágrafo excessivo e injusto que escrevi, baseado numa notícia truncada, sobre a Universidade Federal de MG. Faço-o sem hesitar agora. Os pacientes e generosos leitores de meu blog têm todos os elementos em mão para avaliar os argumentos do debate.
Enfim, continuo afirmando o que escrevi em outros lugares, com a vivência de 12 anos no ensino universitário e nos centros de pesquisa do Brasil e com outro tanto de experiência na França: há pouca pesquisa interdisciplinar nas Universidades brasileiras. O gigantismo dos campi, a gestão estanque das bibliotecas, o encasulamento dos centros de pesquisa e a dissolução dos bairros e bares acadêmicos no cáos das grandes cidades deram cabo da convivência que permitia, noutros tempos, a conversa interdisciplinar. Mas acho também que o debate na blogosfera pode agora resolver parte destes problemas
Atenciosamente
Luiz Felipe de Alencastro