A respeito do post abaixo, sobre o « prejuízo” histórico de não ser explorado pelo capitalismo –, instrumento de desenvolvimento das forças produtivas que abre a via à sua própria superação –, remeto ao artigo de Marx escrito em 1853.
Ali, ele fala do capitalismo colonial inglês, como o “instrumento inconsciente” de uma “revolução social” na Índia.
“O problema é o seguinte: a humanidade pode realizar seu destino sem uma revolução fundamental no estado social da Ásia? Se não, quaisquer que tenham sido os crimes da Inglaterra, ela foi o instrumento inconsciente da história ao encaminhar esta revolução".
Tudo isto e muito mais pode ser encontrado no Arquivo Marxista. Se você não souber basco, turco, esperanto ou vietnamita, pode ler em português. O artigo a que me referi está aqui, mas a tradução em português é ruim, e para quem não sabe alemão, é melhor lê-lo em inglês (ler também a carta de Engels a Marx sobre o mesmo assunto, indicada no cabeçário do artigo).
4 comentários:
Prezado Professor,
Nao estou seguro que todas as formas de expoloração pre-capitalistas sejam socialmente piores que algumas formas de exploração capitalistas
Creio que mereçam uma analise concreta do caso concreto...
Desconhecia esse Arquivo Marxista na Internet. Essa idéia do Marx, eu a ouvia desde os tempos do 2o grau (atual ensino médio). Mas, hoje em dia, já não acho interessante saber se a revolução ocorreria na Índia ou não: interessa mais a descrição da presença britânica na Índia.
Sobre o assunto, vale a pena ler "On the national and colonial questions", de Marx e Engels, anotlogia organizada e muito bem apresentada por Aijaz Ahmad (Nova Deli, Leftword Books, 2001).
Sobre o Marx: uma vez que se aceite sua perspectiva (a revolução internacional socialista), a conclusão de que a conversão da Índia ao capitalismo era um fato positivo se impõe (em que pesem os populistas russos e os maoístas). Vale dizer, entretanto, que as premissas do Marx não são tão sólidas: visto que a Inglaterra reprimiu o desenvolvimento industrial da Índia, não teria abortado um desenvolvimento de mercado autônomo?
Por outro lado, a situação atual é outra: as tradições locais, em sua ampla maioria, já foram em grande parte desestruturadas, seja pelo colonialismo, seja por experiências socialistas ou nacionalistas frustradas (como a revolução cultural chinesa, ou o desenvolvimentismo africano). Para a maioria dos países, a adesão ao capitalismo global aparece mesmo como opção razoável.
Não é coincidência que a "Nova Manchester" do capitalismo global seja a China, que, após um século de Imperialismo, Stalinismo e Revolução Cultural, muitos vêem na adesão entusiástica à globalização a melhor alternativa de sobreviver como cultura.
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