sábado, 17 de fevereiro de 2007

Marx e o atraso histórico

A respeito do post abaixo, sobre o « prejuízo” histórico de não ser explorado pelo capitalismo –, instrumento de desenvolvimento das forças produtivas que abre a via à sua própria superação –, remeto ao artigo de Marx escrito em 1853.
Ali, ele fala do capitalismo colonial inglês, como o “instrumento inconsciente” de uma “revolução social” na Índia.
“O problema é o seguinte: a humanidade pode realizar seu destino sem uma revolução fundamental no estado social da Ásia? Se não, quaisquer que tenham sido os crimes da Inglaterra, ela foi o instrumento inconsciente da história ao encaminhar esta revolução".

Tudo isto e muito mais pode ser encontrado no Arquivo Marxista. Se você não souber basco, turco, esperanto ou vietnamita, pode ler em português. O artigo a que me referi está aqui, mas a tradução em português é ruim, e para quem não sabe alemão, é melhor lê-lo em inglês (ler também a carta de Engels a Marx sobre o mesmo assunto, indicada no cabeçário do artigo).

4 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Professor,
Nao estou seguro que todas as formas de expoloração pre-capitalistas sejam socialmente piores que algumas formas de exploração capitalistas
Creio que mereçam uma analise concreta do caso concreto...

Anônimo disse...

Desconhecia esse Arquivo Marxista na Internet. Essa idéia do Marx, eu a ouvia desde os tempos do 2o grau (atual ensino médio). Mas, hoje em dia, já não acho interessante saber se a revolução ocorreria na Índia ou não: interessa mais a descrição da presença britânica na Índia.

Anônimo disse...

Sobre o assunto, vale a pena ler "On the national and colonial questions", de Marx e Engels, anotlogia organizada e muito bem apresentada por Aijaz Ahmad (Nova Deli, Leftword Books, 2001).

Na Prática disse...

Sobre o Marx: uma vez que se aceite sua perspectiva (a revolução internacional socialista), a conclusão de que a conversão da Índia ao capitalismo era um fato positivo se impõe (em que pesem os populistas russos e os maoístas). Vale dizer, entretanto, que as premissas do Marx não são tão sólidas: visto que a Inglaterra reprimiu o desenvolvimento industrial da Índia, não teria abortado um desenvolvimento de mercado autônomo?

Por outro lado, a situação atual é outra: as tradições locais, em sua ampla maioria, já foram em grande parte desestruturadas, seja pelo colonialismo, seja por experiências socialistas ou nacionalistas frustradas (como a revolução cultural chinesa, ou o desenvolvimentismo africano). Para a maioria dos países, a adesão ao capitalismo global aparece mesmo como opção razoável.

Não é coincidência que a "Nova Manchester" do capitalismo global seja a China, que, após um século de Imperialismo, Stalinismo e Revolução Cultural, muitos vêem na adesão entusiástica à globalização a melhor alternativa de sobreviver como cultura.