Houve, nestes dias, uma grande comoção na França pela morte do abade Pierre, o abbé Pierre, aos 95 anos. Padre capuchinho, membro ativo da Resistência francesa contra a ocupação nazista, o abade Pierre fundou depois da guerra o Movimento Emaús de ajuda aos pobres e aos sem-teto. Ganhando uma dimensão internacional, este movimento também está presente no Brasil.
Muitos estrangeiros, mesmo quando já moram aqui há muitos anos, não entendem bem o desconsolo demonstrado agora por franceses de todos os meios sociais.
Penso que este sentimento de perda tem uma dupla significação.
Penso que este sentimento de perda tem uma dupla significação.
Por um lado, o abade Pierre representava o cristianismo social próximo do humanismo laico que cimentou a solidariedade entre os franceses durante a guerra e as dificuldades do pós-guerra. Esta corrente não logrou se transformar em movimento político e esvaiu-se em lutas partidárias e nas clivagens internas geradas pela Guerra Fria. A França de hoje aparece politicamente dividida, longe do abade Pierre e do clima de solidariedade militante vivido na Resistência e no pós-guerra. Sob a liderança de Le Pen, a extrema-direita eleitoralmente mais poderosa da Europa pode chegar de novo no segundo turno nas presidenciais em abril.
Por outro lado, na rememoração da vida e da militância do abade Pierre, com os canais de televisão mostrando as imagens da miséria em branco e preto das cidades e das zonas rurais nos anos 1940 e 1950, os franceses redescobrem seu país pobre e exaurido no pós-guerra. A tristeza pela morte do abade Pierre carrega a emoção da lembrança das penúrias pelo que o país passou num passado ainda recente.
Por outro lado, na rememoração da vida e da militância do abade Pierre, com os canais de televisão mostrando as imagens da miséria em branco e preto das cidades e das zonas rurais nos anos 1940 e 1950, os franceses redescobrem seu país pobre e exaurido no pós-guerra. A tristeza pela morte do abade Pierre carrega a emoção da lembrança das penúrias pelo que o país passou num passado ainda recente.
Um comentário:
ótimo post
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