segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

TV BRASIL


Outro dia houve um filme na TV sobre Marchais, o líder do PCF na época da União de Esquerda PS-PC. Marchais mexia os olhos o tempo todo e desorientava seus interlocutores, ganhando sempre os debates na TV e afundando cada vez mais o PCF: sucesso na TV e desastre nas urnas.
Mitterrand piscava bastante e também desorientava, quando queria, seus interlocutores. Num encontro dele com Miguel Arraes, eu fui acompanhando Miguel. Foi em 1980. Mitterrand, estava meio isolado e a mídia de esquerda preferia Michel Roccard como candidato da esquerda contra Giscard d’Estaing. Ele demonstrou bastante afeto por Miguel. Jacques Attali também estava no encontro e foi brilhante. Disse uma coisa que me impressionou (estávamos em 1980!): as grandes cidades da América Latina e da África – México, São Paulo, Lagos - vão escapar ao contrôle das autoridades públicas e virar amplos espaços urbanos de não-Direito.
Hoje, na ARTE, vi « Le Promeneur du Champ-de-Mars », filme de Robert Guédguian (marselhês ex e filo comunista) sobre Mitterrand, com o grande Michel Bouquet no papel de Mitterrand. Há toda uma noitada (filme + documentário) na ARTE sobre Mitterrand.
Fico pasmo que no debate sobre a TV Brasil sejam evocadas a BBC, a PBS (TV Pública dos EUA) e do Canal 7 (TV Pública argentina) e nem uma palavra é dita sobre a TV Pública de Cultura e de News franco-alemã ARTE, sucesso absoluto há 25 anos na Europa inteira (ARTE tem convênio com a BBC a
RAI e associa TV públicas de 10 países europeus). No caso da TV Brasil, compara-se seu pequeno orçamento com o enorme orçamento da BBC. Grande absurdo! A BBC cobre dezenas de países do
Commonwealth e usa a língua mais falada do mundo. Nada a ver com o escopo da TV Brasil.

5 comentários:

Anônimo disse...

OL� LUIS FILIPE ,TUDO BEM? VC "POSTOU COISA NOVA", MUITO BEM,AGORA TENHO QUE LER PRESTANDO ATE���O PARA ESCREVER, NOSSA MUITO BOM TE "VER".
ABRA�OS,
HELENA A AN�NIMA

Patrick disse...

Modestamente, quando da estréia da TV Brasil eu postei uma mensagem no Fórum - que foi lida ao vivo - sugerindo utilizar como parâmetros, dentre outros, o canal TV Arte. Pena que a apresentadora não leu os canais que citei, apenas a sugestão de tomar como exemplo as tvs públicas européias.

i disse...

A Arte é mesmo de matar de inveja. Provavelmente por influência dos alemães, já que a TV francesa, em geral, é bastante rasteiras (exceção para os debates e o canal do Senado, que tem coisas muito interessantes).

Quanto ao filme do Mitterrand, fiquei um pouco decepcionado, confesso. Achei sentimental demais. Transformaram o "último estadista da França" (palavras do próprio Mitterrand no filme) numa espécie de vovô simpático. Não pela atuação, claro; mas pelo roteiro.

Anônimo disse...

Lula Arraes:Amigo Felipe,
lembro que na ocasião você havia comentado que esta visita havia ocorrido apenas com a sua testemunhas.Diferentemente,segundo você,que visitavam Mitterrand talvez mais para aparecer (levavam a imprensa) do que conversar.
Saudades do nosso "Doutor".
Grande abraço
Lula

Anônimo disse...

Comentário sobre colocação de Attali:
É, eu também descobri há muito tempo sobre as que chamo megalópoles litorâneas-tropicais: rio, salvador, recife, lagos, bombaim, calcutá, jacarta...
Pesquiso sobre a história socioambiental da guanabara, como um dever pessoal de quem foi criada em suas mágicas margens.
Por sinal, só as megalópoles litorâneas-tropicais brasileiras são do tipo ocidental (mesmo que mestiço)...
Muito boa a definição visionária de Attali do estado de Não-Direito que acabou por se tornar a realidade cotidiana destas megalópoles. Pense: dez milhões de habitantes em Lagos, 8 milhões dos quais pobres e miseráveis... Ou doze milhões no Rio, 5 milhões dos quais de pobres e miseráveis...
Como resistir aos dados de uma realidade real e perversa, uma vez mais, ainda?
Não abdicando da luta por uma ordem justa. E mantendo contato com os que acreditam nisso também, como o professor deixa transparecer em seu blog.
Feliz 2008
Mônica