terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O IPEA de ontem e de hoje

Tim Hawkinson, Emotor (detalhe), 2001, Coleção particular, Courtesy Ace Gallery, Los Angeles

A polêmica sobre as demissões no Ipea envolve vários problemas. Conheço Márcio Pochman, meu colega durante anos no Instituto de Economia da UNICAMP. É um economista sério e competente, que nunca foi sectário. Creio que muitos de meus colegas da UNICAMP compartilham esta opinião. As acusações de que ele estaria fazendo um “expurgo” no Ipea me parecem injustas. Os motivos levando à rescisão ou ao questionamento dos contratos de alguns economistas do Ipea tem fundamentos jurídicos ou administrativos que não foram -, aparentemente -, contestados pelos próprios interessados. No entanto, na sua coluna na Folha, José Alexandre Scheinkman sugere que a equipe de Paes e Barros, o PB, estaria sendo perseguida. Caso isto se confirme, trata-se de algo mais grave. Penso que PB e Pochman deveriam esclarecer este assunto.
No meio da polêmica veio uma declaração de Delfim Netto que também merece comentário: “Nunca houve censura de nenhuma natureza no Ipea. No período da ditadura, eles atacavam a ditadura à vontade e ainda recebiam aumento de salário. O que espero é que não haja nenhuma censura à pesquisa acadêmica que o Ipea tem produzido” (Folha de 15/11/2007).
Fica parecendo, sobretudo para os leitores mais jovens, que a ditadura respeitava opiniões divergentes, não sendo tão ditadura assim (“até recebiam aumento de salário”). Mesmo vazada em tom cínico, a afirmação foi retomada tal qual, sem nuances, por outros jornais e vários blogs.
Ora, a ditadura – da qual Delfim Netto foi um dos pilares e continua sendo um obstinado defensor - era uma ditadura. Expurgava o Brasil inteiro. Matava, torturava, estropiava, reprimia, censurava e cassava os direitos políticos de quem queria, quando queria. Para ficar só no quadro das personalidades mais conhecidas, lembro os economistas punidos pela ditadura por puro delito de opinião: Paulo Singer, Maria Conceição Tavares, prêsos, ameaçados e humilhados. Chico Oliveira, prêso e torturado, Celso Furtado e José Serra, exilados com seus direitos políticos cassados e perseguidos fora do Brasil pela sanha de diplomatas-meganhas.
Pochman parece ter esquecido disso quando convidou Delfim Netto para fazer parte do Conselho do Ipea.

4 comentários:

Anônimo disse...

Se houver mesmo perseguição, é caso de CPI. Também estudei na UNICAMP e sempre ouvi falar bem do Pochman, seria uma pena se ele estivesse mesmo fazendo isso, até porque o trabalho do RPB é muito bom.

Anônimo disse...

POIS É,LUIS FILIPE CONCORDO COM VC E NÃO DUVIDO DACOMPET~ENCIA E CÁRATER DOS REFERIDOS E DE OUTROS MAIS, NOENTANTO, PARECE QUE DECIDIRAM TODOS AO MESMO TEMPO NOS DECEPCIONAR!!SEI LÁ, FAZER O QUE?! AGUARDO, DE MODO QUE NÃO ME RENDO TÃO FÁCIL A FALÁCIAS.
ABRAÇOS.

Anônimo disse...

professor leio o seu blog regularmente,e compartilho em opnião com vários comentários. Peço pela segunda vez seria dificil nos presentear com um texto de sua autoria em nossa revista virtual... pense a respeito.
www.projetomacabea.wordpress.com
grato
alan - acmarques3@terra.com.br

Anônimo disse...

Professor?

Só uma coisinha...
Preso não tem acento.