domingo, 20 de maio de 2007

Yes, we have sugarcane!!! 5

Livro de Receitas (1495-1505), do Sultão de Mandu (norte da India), aconselhando alimentar vacas com cana para obter leite açucarado, British Library
O Herald Tribune trouxe uma reportagem sobre a cana de açúcar cultivada na Índia.
No ano que vem, a Índia pode tornar-se a maior produtora mundial de açúcar. Ultrapassando o Brasil, cuja safra canavieira é parcialmente desviada para a produção de etanol.
A cultura da cana existe no sub-continente indiano desde 1000 a. C. Na virada do século XVIII, quando a Índia estava sob dominação britânica, o governo de Londres pensou que a produção indiana -, somada à produção da Jamaica (também inglesa) -, poderia jogar para escanteio o açúcar brasileiro.
Na época, a Inglaterra combatia duramente o
tráfico negreiro que sustentava a produção brasileira. Mas a concorrência indiana não vingou e o açúcar brasileiro ganhou a parada. Não obstante, a agricultura indiana deu conta de uma cultura florescente na época: o anil: tomou o mercado europeu e matou a produção de anil brasileiro. Sobrou o nome "anil", na Favela do Anil, em Jacarepaguá, região da antiga «chacará do anil», onde começou a cultura fluminense da planta no meado do século XVIII.
Agora, está aí de novo a Índia, independente e poderosa, com vantagens comparativas similares ao Brasil (mão-de-obra barata, mas a terra lá é mais cara), em cima do mercado mundial açucareiro.
P.S. – Uma tese muito interessante, «
O Azul Fluminense: o anil no Rio de Janeiro Colonial -1749-1818 », 2005, de Fábio Pesavento, da Economia da Universidade Federal Fluminense, explica o assunto do anil. Aproveito para lembrar dois historiadores, cuja obra é insuficiente apreciada no Brasil, que publicaram estudos pioneiros sobre o tema. O primeiro é Dauril Alden (acho um disparate que seu grande livro Royal government in colonial Brazil ... 1769-1779, publicado em 1968, quase 40 anos minha gente! ainda não tenha sido traduzido). Seu artigo é: "The growth and decline of indigo production in colonial Brazil: study in comparative economic history", Journal of Economic History, vol.25, n.1, 1965, p.35-65. O segundo artigo é de Luis Ferrand de Almeida, "Aclimatação de plantas do Oriente no Brasil durante séculos XVII e XVIII", Revista Portuguesa de História, tomo 15, 1976, p.339-481.

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