Baiana no Rio de Janeiro, c. 1870, Marc Ferrez, Biblioteca Nacional do RJ
De vez em quando notícias correntes, quase banais, revelam uma virada histórica no país. Algum tempo atrás, eu falava do movimento de globalização que gerava mais emigrantes do que imigrantes no Brasil, e levava os investimentos diretos do Brasil no exterior a superar os investimentos diretos estrangeiros no país.
Agora veio a informação em O Globo, dizendo que o estado de São Paulo se transformou num pólo de saída migratória : nos últimos cinco anos, 105 mil pessoas deixaram o estado para viver em outras regiões brasileiras. A notícia está mal explicada (confunde 'paulistas' com 'paulistanos' e não diz se no número citado já estão descontadas as entradas de migrantes em SP, nem se a cifra inclui gente que foi para o exterior). Mas os comentários de Márcio Porchman, meu ex-colega na Unicamp e competente organizador da pesquisa, sugerem que São Paulo tornou-se agora exportador de mão-de-obra.
O movimento de migração de trabalhadores do Nordeste para o Estado de São Paulo não data da década de 1950, como afirma a reportagem de Eliária Andrade, mas de 100 anos antes, de 1850.
Agora veio a informação em O Globo, dizendo que o estado de São Paulo se transformou num pólo de saída migratória : nos últimos cinco anos, 105 mil pessoas deixaram o estado para viver em outras regiões brasileiras. A notícia está mal explicada (confunde 'paulistas' com 'paulistanos' e não diz se no número citado já estão descontadas as entradas de migrantes em SP, nem se a cifra inclui gente que foi para o exterior). Mas os comentários de Márcio Porchman, meu ex-colega na Unicamp e competente organizador da pesquisa, sugerem que São Paulo tornou-se agora exportador de mão-de-obra.
O movimento de migração de trabalhadores do Nordeste para o Estado de São Paulo não data da década de 1950, como afirma a reportagem de Eliária Andrade, mas de 100 anos antes, de 1850.
De fato, desde esta época -, com o final do tráfico negreiro africano -, iniciou-se o tráfico interno de escravos trazendo, justamente, escravos do Nordeste e do Norte (e até do Sul) para a fronteira do café que atravessava o Rio de Janeiro e avançava por Bananal, pelas bandas paulistas do Vale do Paraíba.
Os « baianos » que passaram a chegar mais maciçamente na cidade de São Paulo nos anos 1950, inserem-se no longo fluxo migratório vindo do Nordeste deslanchado, no século XIX, pelo tráfico interno de escravos.
Neste sentido, o fato de São Paulo estar perdendo agora trabalhadores que se deslocam para outras regiões, marca mais uma virada, mais uma etapa no grande remelexo demográfico e econômico que sacode o Brasil nos últimos anos.
2 comentários:
Mas é um fenômeno que não ocorre somente a partir de S. Paulo, não? Por exemplo, há o fluxo migratório do sul em direção ao norte (oeste do PR, MT,RO...) que teve grande vulto nas décadas de 60/70, mas ainda continua.
Há também o caso de Itajaí que exporta mão-de-obra para a França.
Com um desemprego de quase 15% na grande São Paulo, não é de se estranhar...
A cidade de São Paulo tende a se focar cada vez mais nos serviços, empregando cada vez mais especialistas nas diversas áreas: Bancária, TI, Hospitalar, Turismo de Negócios, etc...
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