sábado, 14 de abril de 2007

Eleições na França, nos EUA e no Brasil

Na França :
Patrick Jarreau, respeitado jornalista do
Le Monde, analisa a inexorável redução do papel do primeiro-ministro no sistema semi-presidencialista francês. Contra a letra da Constituição, o primeiro-ministro funciona, cada vez mais, como um super-despachante do presidente junto ao Parlamento. Villepin terá sido o "último primeiro-ministro" de verdade da França. O fato deveria ser meditado pelos defensores da introdução do semi-presidencialismo francês no Brasil. De maneira casuísta, os parlamentaristas brasileiros relançam periodicamente o tema, a despeito da acachapante derrota que sofreram nos plebiscitos de 1963 e 1993.
A campanha francesa atrai o interesse de estrangeiros. Katrin Bennhold, do
Herald Tribune, entrevistou conselheiros eleitorais americanos que vieram a Paris estudar as estratégias dos candidatos locais. Veredicto de Barbara Comstock, que integrou a campanha de Bush: Ségolène não devia ter posado de bikini. Ela ainda acrescentou: o único presidenciável dos EUA que não teria problemas se posasse de bikini é Barack Obama. Tirando a brincadeira, há um equívoco: Ségolène foi fotografada, de longe, numa praia onde vai há anos com seus quatro filhos. Os franceses tem bastante defeitos, mas não pecam por este tipo de moralismo.
Espantados com as particularidades político-eleitorais francesas, os americanos ficaram de queixo caído onde menos se esperava: diante do sítio internet de Sarkozy, julgado mais avançado que os sítios dos presidenciáveis nos EUA (o de Ségolène, menos incrementado, está aqui) .
Nos EUA
Editorial do
NYT saúda um passo decisivo para eliminar o sistema “fossilizado” de eleição presidencial nos EUA. A Maryland é o primeiro estado da União a votar uma emenda determinando que seus grandes eleitores -, chamados a eleger o presidente do país no Colégio Eleitoral -, votem no candidato que obtiver a maioria de votos na eleição direta nacional. Muita gente não engoliu ainda a eleição de 2000, quando Bush se elegeu –, do jeito que se viu -, perdendo por meio milhão de votos para Al Gore.
No Brasil
Editorial da
Folha definiu a fórmula oportunista que explica as manobras pelo fim da reeleição: PT + PSDB = Lula + (Serra ou Aécio) = 2015.
Kennedy Alencar detalha os motivos de cada uma das parte da equação. Também sou decidamente contra o fim do instituto da reeleição. Diante da reação negativa que a manobra vem causando, fiquei mais otimista. Talvez seja possível mobilizar a opinião pública para dar um basta no casuísmo. Voltarei ao assunto.

Um comentário:

Anônimo disse...

O professor esta em forma, deve ser do clima ai em Paris.
Concordo, o primeiro ministro tornou-se um superdespachante e mais, parece estar sentado numa cadeira electrica. E o bode expiatorio do governo, e a "tete de turc" do eleitorado, depois do cargo torna se num cadaver rancoroso marcado peolo fracasso. Vejam o Rocard, que agora tenta sabotar a esquerda françesa.
Em seguida, condenar a segolene pela sua saida de bikini, so pode vir de alguem que conhece pouco a frança (o Chirac passeia nuzinho no verao e nao da caso, apesar de ser muito mais desagradavel que a segolene.
Professor, pergunta idiota, vc pensa que a aliança bayrou-sego é similar a de serra e aécio?