Ontem, numa entrevista em Suape (Pernambuco), publicada pela Agência Estado, Lula fez uma comparação entre o crescimento econômico no seu governo e nos governos de JK e da ditadura.
"Em 1973, o Brasil cresceu 13,94% ao ano, mas o salário mínimo decresceu 3,4%"... "Na época de Juscelino (1956-1961),o Brasil cresceu 7%, mas o salário mínimo não acompanhou".E completou, "o milagre é trabalharmos com responsabilidade para permitirmos não só o crescimento do PIB, mas também a melhoria das condições de vida dos 190 milhões de brasileiros".
Assim, o presidente repetiu em Pernambuco a comparação que fizera em Davos, segundo o relato de Clóvis Rossi na Folha de São Paulo.
Acontece que no discurso de lançamento do PAC, de maneira muitíssimo mais pertinente, Lula havia explicitado a dimensão essencial daquilo que os filósofos da modernidade chamam de "bom governo". De fato, na ocasião ele salientou que o crescimento econômico na sua presidência se fazia em plena democracia e com o reforço das instituições democráticas. Justamente saudada em editorial pela Folha de São Paulo, a fala presidencial foi interpretada como um distanciamento de Chávez, que parece estar preparando uma transição para a ditadura na Venezuela.
Qual o motivo que leva Lula a não aplicar o mesmo critério essencial da democracia na avaliação do passado recente do Brasil? Por que nivelar a ditadura -, regime só comparável a tiranias da mesma laia, precisamente denominadas "regimes de exceção" -, à plena democracia em que vivemos hoje e à legalidade constitucional do governo JK?
Lula desvaloriza sua luta, a luta do PT e de todo o movimento democrático, e deseduca o país, ao misturar governos antagônicos na sua prática e na sua essência.
Fica então o registro de um fato crucial que deveria ser ensinado nas escolas e, principalmente, nas escolas de Economia: com 13,94% de aumento do PIB, 1973 terá sido o ano em que o Brasil mais cresceu. Com arrocho salarial, repressão anti-sindical, censura de imprensa e suspensão de direitos civís, a economia do país aumentou. E 1973, foi também o ano em que houve um “record” sinistro: 74 opositores à ditadura, cujas biografias vão listadas abaixo, foram assassinados ou “desapareceram” para sempre.
Afora os períodos de guerra civil, nunca na história deste país tantos oposicionistas foram massacrados pelo governo em tão pouco tempo!
Adriano Fonseca Filho
Alexandre Vannucchi Leme
Almir Custódio de Lima
Anatália de Souza Melo Alves
André Grabois
Antônio Alfredo de Lima
Antônio Carlos Bicalho Lana
Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
Antônio Teodoro de Castro
Arildo Valadão
Arnaldo Cardoso Rocha
Caiuby Alves de Castro
Cilon da Cunha Brun
Custódio Saraiva Neto
Dinaelza Soares Santana Coqueiro
Dinalva Oliveira Teixeira
Divino Ferreira de Souza
Durvalino de Souza
Edgard Aquino Duarte
Elmo Corrêa
Emanuel Bezerra dos Santos
Eudaldo Gomes da Silva
Evaldo Luiz Ferreira de Souza
Francisco Emanoel Penteado
Francisco Seiko Okama
Geraldo Magela Torres Fernandes da Costa
Gilberto Olímpio Maria
Gildo Macedo Lacerda
Guilherme Gomes Lund
Helber José Gomes Goulart
Henrique Cintra Ferreira de Ornellas
Honestino Monteiro Guimarães
Jaime Petit da Silva
Jarbas Pereira Marques
João Batista Rita
João Gualberto Calatroni
Joaquim Pires Cerveira
Joel José de Carvalho
Joel Vasconcelos Santos
José Carlos Novaes da Mata Machado
José Huberto Bronca
José Lima Piauhy Dourado
José Manoel da Silva
José Mendes de Sá Roriz
José Porfírio de Souza
Líbero Giancarlo Castiglia
Lincoln Bicalho Roque
Lúcia Maria de Souza
Lúcio Petit da Silva
Luíz Guilhardini
Luiz José da Cunha
Luíza Augusta Garlippe
Manoel Aleixo da Silva
Manoel Lisboa de Moura
Márcio Beck Machado
Marcos José de Lima
Maria Augusta Thomaz
Maurício Grabois
Merival Araújo
Orlando Momente
Pauline Reichstul
Paulo Mendes Rodrigues
Paulo Roberto Pereira Marques
Paulo Stuart Wright
Ramires Maranhão do Vale
Ranúsia Alves Rodrigues
Ronaldo Mouth Queiroz
Rosalindo Souza
Soledad Barret Viedma
Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones
Suely Yumiko Kanayama
Umberto Albuquerque Câmara Neto
Vitorino Alves Moitinho
Walkíria Afonso Costa
4 comentários:
(...) Pedro Jerônimno de Souza, professor do ensino médio e fundamental em Icapuí, torturado e morto em 1974, Fortaleza - Ce.
Eis o link que conta o fato:http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhe.asp?CodMortosDesaparecidos=361
Falta ao Lula vergonha na cara!
samambaia de plastico
Ler o história de alguns dos mortos e desaparecidos me fez chorar. E ter que aguentar alguns dizerem que a ditadura no país foi 'branda"...
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