sábado, 13 de janeiro de 2007

Facínoras ou terroristas?

Ontem houve um atentado de extremistas de esquerda contra a embaixada americana em Atenas (veja o vídeo). Afora as células jihadistas, há movimentos regionalistas radicais que perpetram ações armadas contra o poder central na França, no Reino Unido e na Espanha. Mas a Grécia é o único país da Europa que tem organizações de esquerda praticando atentados “anti-imperialistas”, anti-americanos. Sem entrar na história destas organizações, note-se que o governo grego desmantelou quase todas e neutralizou-as antes das Olimpíadas de Atenas, em 2004. Por isso, o ataque de ontem – considerado um evento isolado - não impediu a alta das ações gregas nas bolsas estrangeiras. Em Nova York, até o banco de investimentos Merrill Lynch entrou em cena para minimizar o incidente.
No auge dos ataques a ônibus no Rio de Janeiro, Lula chamou a bandidagem local de “terroristas”, suscitando uma resposta iracunda do prefeito carioca, embora o novo governador fluminense também chamasse os criminosos de
“facínoras” e “terroristas”.
César Maia acusou Lula de
comprometer as chances de o Rio de Janeiro sediar eventos internacionais. De quebra, o prefeito presepeiro deu uma estocada na política externa brasileira: "Lula resolve usar esta expressão - terrorismo- em relação ao Brasil, e mais, em relação ao Rio, sede do Pan, candidato a Olimpíada de 2016 e capital-Maracanã da Copa de 2014. Lula acaba de inserir o Brasil no roteiro terrorista internacional. É a chave de ouro de sua lombrosiana política externa."
Ora, as Olimpíadas de Atenas em 2004, ou a preparação das Olimpíadas de Londres, em 2012, mostram que o estatuto da segurança pública não depende de adjetivações. O ponto crucial – diferenciando São Paulo e o Rio de Janeiro das capitais européias citadas – consiste no fato de que a polícia brasileira não é confiável, para dizer o mínimo.
Há anos que o Exército trabalha lado a lado com a polícia nas principais cidades francesas. Como os turistas brasileiros já devem ter visto nos aeroportos parisienses, há rondas regulares de dois soldados em uniforme armados de metralhadora, junto com um policial portando sua pistola regulamentar. O policial interpela suspeitos e tem sua segurança garantida pelos dois soldados.
Nunca houve polêmica aqui sobre esta prática, ao contrário do que acontece no Brasil neste momento, na discussão sobre o Exército e a luta contra a criminalidade. Por quê? Porque -, mais uma vez -, o problema central na segurança pública em nosso país é o despreparo e a corrupção policial.

Um comentário:

Anônimo disse...

também vi em Paris os soldados acompanhando o policial. mas no Brasil isso é tudo mais complicado

Pedrão