Ontem, Oscar Niemeyer fez 99 anos. Salve ele! Em Brasília, nos anos 60, na Faculdade de Arquitetura da UNB, todo mundo o chamava só pelo nome: Oscar. Desde esta época, nós todos, estudantes, professores e funcionários, tínhamos muito respeito e muito carinho por ele.
Nos anos 70, na época em que morou em Paris, escorraçado pela ditadura brasileira, ele concebeu várias obras importantes, entre as quais a sede do Partido Comunista Francês (foto acima). Disse-me um amigo francês muito bem informado sobre o assunto, que Oscar nunca quis ser pago pelo trabalho feito para os companheiros do PCF. Nem mesmo quando o PCF quis oferecer-lhe um pequeno apartamento onde ele pudesse morar enquanto estivesse em Paris.
Nos anos 70, na época em que morou em Paris, escorraçado pela ditadura brasileira, ele concebeu várias obras importantes, entre as quais a sede do Partido Comunista Francês (foto acima). Disse-me um amigo francês muito bem informado sobre o assunto, que Oscar nunca quis ser pago pelo trabalho feito para os companheiros do PCF. Nem mesmo quando o PCF quis oferecer-lhe um pequeno apartamento onde ele pudesse morar enquanto estivesse em Paris.
Sempre foi amigo e solidário com quem estava exilado aqui. Uma vez, ele marcou um encontro comigo num café dos Champs-Elysées. Saía de uma comissão que julgava projetos arquitetônicos destinados a serem construídos em Paris. Oscar estava meio irritado. As discussões entre os membros do júri, do qual ele fazia parte, haviam se prolongado além da medida e a decisão não lhe tinha agradado. Para ele, todos os projetos eram ruins. Contudo, os outros membros do júri forçaram a barra para aprovar um dos projetos, sob o argumento de que ele era bom “em certas partes”. Oscar absteve-se sem dizer nada. No café, explicou-me o motivo com o seu certeiro sotaque carioca: “Pô, quando um projeto é ruim, ele é todo ruim! Se tem partes boas, elas estão no lugar errado, então são ruins também, tudo é ruim!”
Nunca me esqueci disto. Na Universidade também acontecem destas coisas. Às vezes, a gente lê teses, artigos ou livros nos quais não dá para salvar nada. O trabalho foi mal concebido e está ruim do começo ao fim. Não tem nem conserto.
Nunca me esqueci disto. Na Universidade também acontecem destas coisas. Às vezes, a gente lê teses, artigos ou livros nos quais não dá para salvar nada. O trabalho foi mal concebido e está ruim do começo ao fim. Não tem nem conserto.
Mas este é o tipo de reflexão delicada sobre a qual não se pode citar nomes ou títulos, sob pena de atingir reputações.
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