O jornal Le Monde (que comprou a revista Les Cahiers du Cinéma em 2003) tem um suplemento sobre a mídia nos sábados, onde vem incluído um DVD com clássicos do cinema. Neste sábado, o filme é O Deus da Maldade contra o Santo Guerreiro (intitulado aqui Antônio das Morte), de 1969.
Quando saiu em Paris, depois de ganhar o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, o filme passou durante semanas no Racine Odeon (no Quartier Latin). Sala de cinema que pertencia a Claude Antoine, amigo de Glauber e produtor de Antônio das Mortes. Foi um dos primeiros filmes ditos “artísticos”, a passar na TV a cores francesa, logo em julho ou agôsto de 1969. Teve um imenso sucesso de crítica e um bom sucesso de público.
A crítica cinematográfica francesa viu o filme sob o prisma da “revolução camponêsa” na América Latina. Lendo alguns textos publicados na época e reproduzidos no suplemento do Le Monde, dá para ver com nitidez esta interpretação, tirada de uma fusão da Revolução Mexicana (1910) com a Revolução Cubana (1959), e ligada a uma idéia simples: nos países atrasados, o campesinato se torna uma classe revolucionária. Difundida pelo guevarismo e pelos maoístas, esta idéia, que tem pouco a ver com o marxismo e nada a ver com a estrutura social brasileira, empolgou muita gente. Hoje em dia, este imaginário europeu sobre o campesinato latino-americano incorpora figuras como o Sub-comandante Marcos e, numa menor medida, Evo Morales.
Quem tinha mesmo sucesso de crítica e de público na França, e na Europa em geral, era Glauber. Nesta época, ele atravessava sua fase de vida angustiada, criativa e generosa. Dava um banho em todas as audiências e impunha grande respeito quando falava de arte, cinema, do Brasil, do destino do mundo inteiro.
Quando saiu em Paris, depois de ganhar o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, o filme passou durante semanas no Racine Odeon (no Quartier Latin). Sala de cinema que pertencia a Claude Antoine, amigo de Glauber e produtor de Antônio das Mortes. Foi um dos primeiros filmes ditos “artísticos”, a passar na TV a cores francesa, logo em julho ou agôsto de 1969. Teve um imenso sucesso de crítica e um bom sucesso de público.
A crítica cinematográfica francesa viu o filme sob o prisma da “revolução camponêsa” na América Latina. Lendo alguns textos publicados na época e reproduzidos no suplemento do Le Monde, dá para ver com nitidez esta interpretação, tirada de uma fusão da Revolução Mexicana (1910) com a Revolução Cubana (1959), e ligada a uma idéia simples: nos países atrasados, o campesinato se torna uma classe revolucionária. Difundida pelo guevarismo e pelos maoístas, esta idéia, que tem pouco a ver com o marxismo e nada a ver com a estrutura social brasileira, empolgou muita gente. Hoje em dia, este imaginário europeu sobre o campesinato latino-americano incorpora figuras como o Sub-comandante Marcos e, numa menor medida, Evo Morales.
Quem tinha mesmo sucesso de crítica e de público na França, e na Europa em geral, era Glauber. Nesta época, ele atravessava sua fase de vida angustiada, criativa e generosa. Dava um banho em todas as audiências e impunha grande respeito quando falava de arte, cinema, do Brasil, do destino do mundo inteiro.
Glauber influenciou cineastas europeus de primeiro plano, como Bernardo Bertolucci. Neste suplemento do Le Monde, Cyril Béghin, crítico do Cahiers du Cinéma, escreve que o personagem Antônio das Mortes foi retomado em filmes de Fassbinder e de Sergio Leone.
P.S. No Libération de 20/12/2006, Philippe Azoury, num texto refletido e bem informado ("Rocha volcanique"), infelizmente sem acesso na Web, comenta a saída na França de quase toda a filmografia de Glauber (sete filmes) em cópias novas.
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