terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Dez anos de Raça!


Não queria deixar acabar o ano sem saudar o 10° aniversário da revista Raça. Como é sabido, Raça é uma publicação mensal destinada ao público consumidor afro-brasileiro de classe média para cima. Não se trata de uma gazeta militante.
Um
sítio da revista, com informações bastante completas sobre seus leitores, datadas de fevereiro de 2006, afirma que sua tiragem média mensal é de 38.000 exemplares, lidos por 242.000 leitores. Os quais, se decompõem da maneira seguinte: 70% são mulheres; 89% tem renda familiar acima de R$ 2.300,00; 81% possui conta corrente; 58% possui cartão de crédito; 40% possuem cheque especial; 44% nível superior; 9% possuem pós-graduação; 81% trabalha.
Basta tomar um só destes dados -, 44% dos leitores têm educação de nível superior e 9% possuem pós-graduação -, para constatar que a revista atinge a ponta do topo da pirâmide social da população negra brasileira.
Não obstante, o corpo editorial da revista e seus colunistas, todos afro-brasileiros, têm tomado posição sobre as questões relativas à minoria política formada pelos negros brasileiros, que já são uma quase maioria cultural e estão em vias de se tornar uma maioria demográfica. Assim, a revista expressou opiniões a favor da políticas de cotas, debatendo freqüentemente o assunto. Assinantes do UOL têm acesso online aos exemplares de Raça.
Dez anos já é uma vida longa para uma revista mensal brasileira. Mas dez anos é ainda muito pouco tempo para apontar desigualdades que vem de tão longe. Longa vida para a Raça!

3 comentários:

Anônimo disse...

Em todos os campos, haverá sempre desigualdade e discriminação nos paises em desenvolvimento.
Penso que em todo país emergente, após ter sofrido séculos de dominação cultural e uma forte tendência política neoliberal, não saberia se comportar de outra forma, que não a de produzir para as minorias elitistas.
Livros, teatro, cinema, dança, música de câmara, ópera, faculdade, internet; nossa cultura é chic.

Unknown disse...

olá Luiz,

Acho perigoso esse procedimento governamental das cotas para minorias em universidades. Não sou contra, mas até o momento não há nenhuma perspectiva de melhoria (de forma substancial)na educação fundamental e médio do ensino público. É tapar o sol com a peneira.
O fato de eu achar perigoso está calcada na possibilidade de aumentar a segregação no Brasil e isso é fato, não tem como não dizer que não ocorrerá.
A outra coisa é que, como a base educacional é extremamente ruim para essa minoria, ou as universidades baixam o nível de exigências em seus cursos (o que é ruim na formação de profissionais no Brasil), ou mantêm o nível, mas acabam reprovando esses alunos que chegam por cotas.
A discussão é longa, mas necessária.
Abraços e continue escrevendo.
Paulo Henrique
P.S.:não consigo enviar comentário que não seja no formato anônimo.

Anônimo disse...

só não concordo c/ a adoçao do termo "afro-brasileiros".
por que? se somos praticamente todos afro-luso-indio-sino-ítalo-...-brasileiros.