sábado, 23 de dezembro de 2006

Paredes de Paris: Comuna II

Em maio de 1991, o ex-primeiro-ministro socialista Pierre Mauroy, inaugurou a placa acima, no lugar onde foi esmagada a última barricada da Comuna. A placa saúda os parisienses “que queriam mudar a vida” e os 30.000 communards fusilados em Paris pelo governo de Thiers, “ no tempo das cerejas”.
“Mudar a vida” retoma um dos lemas da campanha eleitoral de Mitterrand em 1981. Os governos de Mitterrand (1981-1988 e 1988-1995) não pareceram tão de esquerda assim, para a maioria dos franceses. Mas a placa marca um ato simbólico que estabelece a continuidade das tradições de luta do socialismo francês e europeu, da insurreição armada e patriótica de 1871 à eleição democrática de maio de 1981.
Os comandantes da última barricada foram Eugène Varlin (espancado e fuzilado algumas horas mais tarde), Théophile Ferré (fuzilado) e Jean-Baptiste Clément (que escapou e exilou-se em Londres) autor, justemente, de Le temps des cerises (“O tempo das cerejas”) dedicada a uma enfermeira da Comuna e que se tornará uma canção ícone da esquerda francesa e européia. Na noite do dia que Mitterrand morreu (8/01/1996), Barbara Hendricks cantou Le temps des cerises na praça da Bastilha, acompanhada por uma multidão emocionada.

No seu livro O filantropo, (S. Paulo, Cia das Letras, 1998), Rodrigo Naves incluiu um belo ensaio sobre Varlin.
Um dos barcos a vapôr que levou os prisioneiros da Comuna para a deportação na Nova Caledônia, foi meio em ziguezague pelo Atlântico e fez uma escala em Destêrro, a atual Florianópolis. Levava mais de 500 communards no fundo do porão.

Enfim, a biblioteca digital da Northwestern University (Chicago) tem uma excelente coleção de centenas de fotos e ilustrações da Comuna.

2 comentários:

Anônimo disse...

legal o post e excelente a dica sobre o site da universidade de Chicago
varlin

Anônimo disse...

Jovem Lufa,

muito obrigado por citar o textinho desse seu velho amigo. Um abração,

RN