Foto Transpetro, divulgação
Foi lançado ao mar na quinta-feira, dia 24, o Celso Furtado, navio petroleiro de 183 metros e com capacidade para 48.300 toneladas de porte bruto. Embora tenha sido o primeiro dos 16 navios construídos no Rio de Janeiro (outros 30 navios sairão de outros estaleiros brasileiros) no Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), da Transpetro, que criará, só no estado do Rio de Janeiro, 10.000 empregos diretos e 40.000 indiretos, o noticiário na imprensa foi pífio.
Em « O Globo », uma notícia curta dá destaque a outro tema: o relançamento da indústria naval brasileira pode levar a um aumento das importações de aço (pimba, acharam uma coisa errada na empreitada). O Dia fez uma boa reportagem e Zero Hora publicou uma matéria pequena mas bem feita. Exame deu uma notícia mais formal. Na Folha, nada. Nadinha. Nem no Folhaonline. Vazio que retrata pobreza jornalística e intelectual.
Lula não participou do evento porque teve que se deslocar para as zonas sinistradas do Nordeste, como explicou uma notícia do Estadão que falava de outro outro assunto. A mais alta autoridade federal presente foi o apagado ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito. Talvez tenha sido esta a razão pela qual o governador Sérgio Cabral, o prefeito do Rio e o prefeito de Nitérói também não deram o ar de sua graça.
Lula não participou do evento porque teve que se deslocar para as zonas sinistradas do Nordeste, como explicou uma notícia do Estadão que falava de outro outro assunto. A mais alta autoridade federal presente foi o apagado ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito. Talvez tenha sido esta a razão pela qual o governador Sérgio Cabral, o prefeito do Rio e o prefeito de Nitérói também não deram o ar de sua graça.
Na Europa e nos Estados Unidos, um pequeno empresário inaugura um galinheiro que gera 13 empregos numa cidade qualquer e lá aparecem as TVs, o presidente ou o primeiro-ministro, ministros, cardeais, rabinos, imãs, starlettes e cantores de ópera contratados para benzer as galinhas e celebrar a espantosa ofensiva levada a cabo contra o desemprego. No Rio de Janeiro, serão criados 50.000 empregos e o governador do Estado, e os prefeitos nem se dão conta, nem aparecem. Caramba! Estão se achando!: pensam que são grandes estadistas, que seus governos são do balacobaco! Efeito perverso do carisma presidencial: se Lula não vai, ninguém vem. Mas o governador Sérgio Cabral faz campanha para sua reeleição: sua ausência é burra e escandalosa.De lá de onde está, Celso Furtado nem deve ter se importado com ausência destas figurinhas. E deve ter ficado feliz com a presença e a alegria dos 5 mil operários, dos sindicalistas e dos metalúrgicos que estiveram envolvidos na construção do navio.
Porém, tinha que ter vindo mais gente. Gente do governo federal, das Universidades, do PT, do PMDB, que tanto deve à vida e à obra de Celso Furtado. Gente dos sindicatos. Se Stédile estivesse lá teria marcado presença. Deixaria claro que honra a memória do ilustre brasileiro, defensor constante, convicto e convincente do MST no Brasil e no exterior, e assinalaria que a defesa dos trabalhadores industriais é irmã da reforma agrária e da defesa dos trabalhadores rurais.
Mas quem marcou bobeira mesmo não dando as caras foram os dois candidatos que angariam votos em qualquer baile municipal: Dilma Roussef e José Serra. Dilma, que estudou no Instituto de Economia da Unicamp, do qual Celso Furtado foi patrono, grande guia intelectual e doutor honoris causa, explicita sua filiação ao pensamento furtadiano na campanha presidencial, mas deixou de comparecer ao evento que marca o renascimento da indústria naval brasileira pelas mãos de uma grande empresa pública, a Petrobrás. Serra, que foi professor do IE da Unicamp, que era amigo pessoal do fundador da Sudene, e disse um dia, saindo da casa de Furtado em Paris, que resolvera se tornar economista depois de ler « Formação Econômica do Brasil », também não veio. Além do respeito ao seu mestre, poderia ter mostrado que apóia a intervenção estatal para dinamizar setores chaves da economia. Sutilmente, sua simples presença mostraria que o candidato tucano se afasta mesmo da política econômica do governo do qual ele fez parte como ministro do Planejamento e da Saúde. Governo que desmantelou a indústria naval agora resgatada, sustentada, corrigida e libertada com o Celso Furtado singrando os verdes mares de Norte a Sul.
Porém, tinha que ter vindo mais gente. Gente do governo federal, das Universidades, do PT, do PMDB, que tanto deve à vida e à obra de Celso Furtado. Gente dos sindicatos. Se Stédile estivesse lá teria marcado presença. Deixaria claro que honra a memória do ilustre brasileiro, defensor constante, convicto e convincente do MST no Brasil e no exterior, e assinalaria que a defesa dos trabalhadores industriais é irmã da reforma agrária e da defesa dos trabalhadores rurais.
Mas quem marcou bobeira mesmo não dando as caras foram os dois candidatos que angariam votos em qualquer baile municipal: Dilma Roussef e José Serra. Dilma, que estudou no Instituto de Economia da Unicamp, do qual Celso Furtado foi patrono, grande guia intelectual e doutor honoris causa, explicita sua filiação ao pensamento furtadiano na campanha presidencial, mas deixou de comparecer ao evento que marca o renascimento da indústria naval brasileira pelas mãos de uma grande empresa pública, a Petrobrás. Serra, que foi professor do IE da Unicamp, que era amigo pessoal do fundador da Sudene, e disse um dia, saindo da casa de Furtado em Paris, que resolvera se tornar economista depois de ler « Formação Econômica do Brasil », também não veio. Além do respeito ao seu mestre, poderia ter mostrado que apóia a intervenção estatal para dinamizar setores chaves da economia. Sutilmente, sua simples presença mostraria que o candidato tucano se afasta mesmo da política econômica do governo do qual ele fez parte como ministro do Planejamento e da Saúde. Governo que desmantelou a indústria naval agora resgatada, sustentada, corrigida e libertada com o Celso Furtado singrando os verdes mares de Norte a Sul.
P.S.- Para os cariocas que não sabem do amor de Celso Furtado pelo Rio de Janeiro, onde morava quando estava no Brasil, deixo no post abaixo, citação extraída do prefácio que redigi para a edição comemorativa dos 50 anos de Formação Econômica do Brasil. Veja aqui o navio entrando no mar.
Um comentário:
O que a Folha tem publicado são notícias sobre uma potencial fragilização da Petrobrás e o receio provocado em potenciais investidores.
Escreva mais.
Um abraço.
Laura Bannach Jardim
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