Entre Belleville e Ménilmontant, zona noroeste de Paris em que moro, antigo bairro proletário onde nasceu Edith Piaf, estreou Maurice Chevalier e o Partido Comunista Francês tem ainda sua sede, soam agora músicas populares da Quinta Internacional. "Quinta Internacional" é como uma amiga chama esta área de comércio e residência de trabalhadores magrebinos, africanos, chineses, romenos, árabes, cingaleses, indianos e por ai vai.
O lado do 20ème arrondissement do Boulevard de Belleville deve ser um dos poucos lugares do mundo em que judeus e árabes se ladeiam em boa paz. Açougues halal encostados nos açougues casher, restaurantes de barbados muçulmanos seguidos de bares de clientes com quipá. No Boulevard, tem uma sinagoga que não fica muito longe de uma mesquita. O fato das duas comunidades serem relativamente modestas e quase sempre oriundas da Tunísia, ajuda a convivência, reverberação da vida da primeira metade do século passado, quando a fraternidade proletária compartilhada pelos comunistas judeus, franceses e árabes dominava esta parte de Paris. Na zona da Gare Nord, onde estão os argelinos, e em Barbès, área dos marroquinos, não tem nada disso, não se vê nenhum judeu praticante.
O lado do 20ème arrondissement do Boulevard de Belleville deve ser um dos poucos lugares do mundo em que judeus e árabes se ladeiam em boa paz. Açougues halal encostados nos açougues casher, restaurantes de barbados muçulmanos seguidos de bares de clientes com quipá. No Boulevard, tem uma sinagoga que não fica muito longe de uma mesquita. O fato das duas comunidades serem relativamente modestas e quase sempre oriundas da Tunísia, ajuda a convivência, reverberação da vida da primeira metade do século passado, quando a fraternidade proletária compartilhada pelos comunistas judeus, franceses e árabes dominava esta parte de Paris. Na zona da Gare Nord, onde estão os argelinos, e em Barbès, área dos marroquinos, não tem nada disso, não se vê nenhum judeu praticante.
Há umas semanas, entre as estações Belleville e Gare du Nord, ouví uma música nostálgica, sutil, sofisticada, de grande beleza (lembrando um pouco o refrão nasalizado de Caetano em « Asa Branca ») cantada por um rapaz caolho, quase cego, que depois passava o pires no vagão do metrô. Outro dia ele estava lá de novo, cantando a mesma música, tocando o mesmo tecladinho musical eletrônico e passando o pires. Não dá muito para falar com as pessoas no metrô e ele ficou desconfiado quando puxei papo. Mas entendi que ele e a música eram argelinos.
Em homenagem ao cantor do metrô de Belleville e à Violeta Arraes -, que produziu o disco de Caetano gravado em Londres em 1971, onde está a versão velosiana de « Asa Branca” -, deixo aqui o link do baiano e o link de Luiz Gonzaga, já que nem sei se existe registro da música do cantor argelino.
P.S. -Aqui tem mais sobre Willy Ronis, que morreu no ano passado.Há uma grande exposição dele em Paris até o mês de agôsto.Aqui também tem mais sobre ele.
3 comentários:
Uma curiosidade: essa é a mesma Ménilmontant que dá seu nome a uma música de Django Reinhardt?
é essa mesmo, Felipe
um abraço
Luiz Felipe,
Il pourrait s'agir d'une chanson de Idir --peut-être Avava Inouva -- dont les chansons évoquent parfois la MPB.
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