quinta-feira, 12 de julho de 2007

Cosméticos de fundo de loja

Os economistas brasileiros já sabem: quando há aumento da renda, o consumo popular de produtos de higiene e cosméticos sobe na hora. Aliás, nunca li nenhum estudo sobre a forte atração dos brasileiros por estes produtos. Suspeito que tenha a ver com o culto do corpo e o eventual desconforto de cada um com o seu jeito, com o seu próprio fenótipo. A coisa vem desde o século XIX, como mostrei um pouco no volume 2 da História da Vida Privada no Brasil. De todo modo, quando há um pouco mais de dinheiro na praça, as multinacionais entram pesado, inundando as prateleiras das lojas com “gosméticos” (como dizia uma garotinha minha conhecida) de nome pseudo-sofisticado. Na outra ponta, desaparecem os produtos tradicionais. Sempre que vinha ao Brasil, comprava sabão Aristolino, um must da moçada das praias nos anos 60 e 70. Agora, já desistí. Sumiram com o Aristolino, que era sabão e shampú, e com muitos outros ‘gosméticos’.
Em Belém, onde estou agora, a invasão de marcas estrangeiras é meio caricatural. Na frente das lojas e das farmácias, vêm estas marcas todas. No fundo, aparecem as marcas regionais, cheias de fragrâncias amazônicas. Cheiro do Pará (comprei este, é bem bom), Flor de Açaí, Pau Rosa, Pau d’Angola, Manteiga de Karité (produto de origem africana), Priprioca, e por aí vai. O "gosmético" pasteurizado, ácido e banal fica na frente. O suave, o sensual, o quente, fica no fundo da loja e é bem mais barato.

2 comentários:

Anônimo disse...

Salve Professor Alencastro,

Belém está no meu coração, pois a minha familia distante está por lá.Infelizmente ainda ( parece ) que somos mais atraidos pelos comesticos estrangeiros do que os nossos locais.

Também, quando, estive em Belém aproveitei os sucos regionais que são deliciosos. Fomos a uma festa numa das ilhas para celebrar a venda e exportação do cupuaçu. Sabe, prefiro até, perdoe-me a franqueza e a desconfiança do estrangeiro, mas prefiro que eles nào descubram as maravilhas da Amazonia para que estas possam ser "desenvolvidas" em seus laboratorios de cosmeticos. Porque afinal tudo que é novidade o consumidor estrangeiro gosta e quer consumir. Veja que paradoxo - nós também do Sul descobrimos produtos da região Norte, mas a preferência é pelo estrangeiro. Que contraste! Ainda vejo com certa desconfianca a patente adquirida pela Body Shop de uma oleo extraido de uma fruta Amazonica. Como a fundadora chegou na essencia de oleo e hoje a exporta da Europa para todos os outros paises do hemisferio norte (e Sul, o que é lamentavel) sem oferecer muito retorno aa comunidade local, não se sabe. Ou melhor nào se comenta. Dai prefiro que ao inves de ter estrangeiros explorando os nosso produtos locais, fique o segredo guardado até que se possa dar o retorno adequado a regiao, como a Convenção de Biodiversidade já tinha proposto no artigo 8(j). Abraços,

Anônimo disse...

Lamento pelo sabonete Phebo que há muito tempo não é mais o mesmo, ou seja, não tem aquela fragrância original...