Mais alguns dados sobre as eleições francesas pinçados nos jornais e nos debates da TV (há muitos, o dia inteiro, em vários canais e são sempre interessantes: vejo agora bastantes porque estou de férias na Universidade e trabalho em casa).
- Existe uma grande hesitação no eleitorado. Uma proporção importante de eleitores ainda não se decidiu ou oscila entre os três (!) primeiros colocados (Sarkozy, Ségolène e Bayrou). Os temas em debate mudam rapidamente e nenhum fixou a atenção por mais de 48 horas.
- Sarkozy continua folgado na frente das sondagens, como tem sido o caso desde janeiro. Tanto no primeiro como no segundo turno. A maioria do eleitorado é agora formada por gente mais idosa que vota sempre no candidato conservador, e votará em Sarkozy (os meia-oito, que já eram minoria em 1968, agora, depois de velhos, são mais minoritários ainda: no meio tempo-tempo, uns viraram casaca, outros viraram pó). Desse modo, até onde enxerga a vista, a eleição presidencial parece estar entregue.
- Mas Sarkozy assusta um pouco a generalidade dos eleitores, e mesmo os seus próprios partidários. Por que? Por causa de seu jeito meio tenso, ansioso, permanentemente agitado. Para definir este comportamento, o Le Monde, citando militantes socialistas, usa uma palavra vinda da psicologia - « anxiogène » -, gerador de ansiedade, daria «ansiógeno» em português (como em italiano). Ou seja, Sarkozy ainda pode perder a eleição presidencial porque tem um temperamento «ansiógeno».
- No Libération de hoje, Didier Eribon, figura interessante, ex-redator do jornal, sobrevivente meia oito e filósofo engajado (ele é autor, em particular, de uma celebrada biografia de Michel Foucault), comenta seu último livro « D'une révolution conservatrice et de ses effets sur la gauche française" e dá seu diagnóstico: Ségolène vai perder a eleição porque o PS abandonou a tradição meia oito e deixou de interpretar a sociedade francesa sob o prisma dos conflitos sociais e das clivagens de classe.
- Existe uma grande hesitação no eleitorado. Uma proporção importante de eleitores ainda não se decidiu ou oscila entre os três (!) primeiros colocados (Sarkozy, Ségolène e Bayrou). Os temas em debate mudam rapidamente e nenhum fixou a atenção por mais de 48 horas.
- Sarkozy continua folgado na frente das sondagens, como tem sido o caso desde janeiro. Tanto no primeiro como no segundo turno. A maioria do eleitorado é agora formada por gente mais idosa que vota sempre no candidato conservador, e votará em Sarkozy (os meia-oito, que já eram minoria em 1968, agora, depois de velhos, são mais minoritários ainda: no meio tempo-tempo, uns viraram casaca, outros viraram pó). Desse modo, até onde enxerga a vista, a eleição presidencial parece estar entregue.
- Mas Sarkozy assusta um pouco a generalidade dos eleitores, e mesmo os seus próprios partidários. Por que? Por causa de seu jeito meio tenso, ansioso, permanentemente agitado. Para definir este comportamento, o Le Monde, citando militantes socialistas, usa uma palavra vinda da psicologia - « anxiogène » -, gerador de ansiedade, daria «ansiógeno» em português (como em italiano). Ou seja, Sarkozy ainda pode perder a eleição presidencial porque tem um temperamento «ansiógeno».
- No Libération de hoje, Didier Eribon, figura interessante, ex-redator do jornal, sobrevivente meia oito e filósofo engajado (ele é autor, em particular, de uma celebrada biografia de Michel Foucault), comenta seu último livro « D'une révolution conservatrice et de ses effets sur la gauche française" e dá seu diagnóstico: Ségolène vai perder a eleição porque o PS abandonou a tradição meia oito e deixou de interpretar a sociedade francesa sob o prisma dos conflitos sociais e das clivagens de classe.
2 comentários:
Por causa desse comportamento "anxiogène", a única maneira de vencer para Sarkozy será enfrentar Le Pen. Uma grande parte do trabalho da equipe de Sarkozy tem como objetivo agora de favorecer essa situação. Assim vamos ver nesses últimos dias de "campagne électorale" Le Pen melhorar cada dia nas sondagens.
1) Um traço psicológico mal disfarçado pela marquetagem pode definir a eleição; 2) o eleitor não se posiciona mais com clareza entre "esquerda" ou "direita". Ora, não é diferente do que é a política (midiatizada) hoje no mundo inteiro, mesmo no Brasil.
Quanto a geração 68, ótima sua tirada...
Postar um comentário