A visita de Bush, no próximo mês de março, ao Uruguai, Brasil, Guatemala e México, sem passar pela Argentina, merece reflexão.
Ana Baron, a correspondente do El Clarín em Washington, que conhece bem o meio político da capital americana, reproduz a explicação dada por um diplomata latino-americano:
“A Argentina não será incluída porque, nem Bush tem especial interesse em voltar a encontrar com Kirchner depois do que aconteceu na Cúpula de Mar del Plata, nem Kirchner tem interesse em reunir-se com Bush, e muito menos no meio da campanha presidencial argentina".
Em Mar del Plata (novembro de 2005), Bush irritou-se com o apoio mais ou menos explícito do governo argentino, à “Contra-Cúpula” -, cheia de manifestações anti-americanas capitaneadas pour Chávez -, realizada simultâneamente à reunião dos chefes de Estado das Américas.
A viagem de Bush ao Brasil será marcada pela “diplomacia do etanol”, como diz o editorial da Folha de São Paulo de hoje. De fato, os americanos estão interessados em ampliar a oferta de combustíveis renováveis. Mas -, como escreve o Washington Post -, seria uma ingenuidade esperar que eles reduzam agora, antes das eleições de 2008, a sobretaxa sobre as importações de etanol brasileiro.
No final das contas, a visita do presidente americano ao Brasil vai acentuar a desconfiança argentina, boliviana, equatoriana e venezuelana de que Lula é o aliado privilegiado de Bush na América Latina.
Cedo ou tarde, na Argentina ou alhures, voltaremos a ouvir falar do sub-imperialismo brasileño, conceptualizado pelo sociólogo brasileiro Ruy Mauro Marini, para atingir a ditadura, nos anos 70.
Tentei abordar este assunto numa perspectiva histórica, num artigo escrito no ano passado para o Estadão.
5 comentários:
Muitíssimo parabéns.
não adianta enrolar, professor, nos somos imperialistas mesmo.
os bolivianos, os uruguaios, os paraguaios e os angolanos que o digam!
É a lei da selva, quem não almoça é jantado, os cucarachas q danem.
Saudações, professor.
Pode me informar o que significa a palavra "Kratiboia", e de qual dialeto africano?
E o que o senhor acha que o Brasil deve fazer? Não discutir o etanol com os Estados Unidos para que os amigos de Latinoamérica não nos julguem sub-imperialistas?
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