sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

King Kong contra os helicópteros


Suspeito que o número de helicópteros e de helipontos em São Paulo, freqüentemente apresentado pela imprensa como demonstração da pujança do capitalismo paulista e brasileiro, tenha outro significado. Em 2004, São Paulo possuía o segundo parque de helicópteros do mundo (depois de Nova York), com 480 helicópteros e 200 helipontos na cidade.
Pelo que li e ouvi, deduzo que a legislação sobre a matéria é muito mais restrita nos EUA e na Europa do que no Brasil.
Assim, Los Angeles, Paris ou Londres têm, eventualmente, menos helicópteros do que São Paulo, por razões de boa gestão urbana e de civilidade. Depois do 9/11 e do reforço das medidas de segurança, há gente em Nova York achando que somente a polícia, os bombeiros e os hospitais deveriam usar helicópteros em Manhattan.
De verdade, nenhuma metrópole bem administrada deixa construir helipontos em qualquer fundo de quintal chique ou no topo de todo prédio bem aprumado. O perigo gerado nos entornos pelos vôos e pelas aterrissagens, além do barulho atormentando a vizinhança (perguntem aos moradores não helicopterizados da Barra da Tijuca), limitam os trajetos aéreos de-quem-acha-que-pode-tudo-porque-tem-grana. Registre-se que o controle dos helipontos e dos helicópteros brasileiros depende, em última instância, do notório Cindacta. Como se dizia nos anos 70, sai de baixo!
Ao invés de ser um sinal de progresso, o avultado parque de helicópteros paulistas e cariocas apresenta-se como mais uma marca do atraso da gestão municipal em São Paulo e no Rio de Janeiro.
P.S. – Ilustro o comentário com um poster do filme King Kong, de 1976, por duas razões: 1) o genial macacão está enfurecido com os helicópteros que voam sobre Manhattan, 2) falei aqui do King Kong de 2005, mas pretendo, mais adiante, comentar de novo o filme.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Luiz Felipe, permita-me fazer três correções em seu texto. Que atrevimento! As palavras entorno e controle não levam acento circunflexo. E aterrissagem, como pode notar, é grafada com dois "ss". Seu convívio mais freqüente com o idioma francês, que costuma abusar da acentuação gráfica em muitas palavras, tem-lhe afastado um pouco da "última flor de Lácio, inculta e bela". Um grande abraço, Osmar

Anônimo disse...

Caro Luiz Felipe, quero fazer uma pequena correção em minha mensagem aqui postada, pois a considero importante. Antes de citar a "Última flor de Lácio, inculta e bela", recorri ao Dicionário de Provérbios, Locuções..., de Raimundo Magalhães Júnior, membro da Academia Brasileira de Letras. Nesse livro há uma nota com o título: "Última flor de Lácio". Em seguida, a nota afirma: "Início do famoso poema de Olavo Bilac, este verso - 'Última flor de Lácio, inculta e bela' - passou a se referir à língua portuguesa." Como se observa, o acadêmico repete duas vezes "Última flor de Lácio". Eu sempre ouvi dizer, desde os tempos de ginásio, "Última flor do Lácio". Diante da minha certeza e da do acadêmico, optei pela dele. Nem podia ser diferente. Ontem à noite, ao consultar meus alfarrábios com outros objetivos, deparei-me com um livro do professor de português Pasquale Cipro Neto, intitulado "Inculta e Bela". Trata-se de coletânea de artigos seus publicados na Folha de São Paulo. Pois, bem! Já nas primeiras páginas consta a anotação: "Última flor do Lácio, inculta e bela, és, a um tempo, esplendor e sepultura" (do poema Língua Portuguesa, de Olavo Bilac, publicado em 1914). Conclusão: a nota do Dicionário de Provérbios está incorreta. Fica o registro.
Abraços,
Osmar