terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Discursos Políticos I

Notícias de Londres informam que os discursos da rainha vem abandonando o tradicional sotaque aristocrático para se aproximar da fala comum de seus súditos. Para chegar a esta conclusão Jonathan Harrigton, professor de Fonética da Universidade de Munique, analisou os discursos pronunciados pela rainha desde 1952, data de sua ascenção ao trono. Harrigton estudou, em particular, os discursos de Natal que os soberanos britânicos dirigem, desde 1932, aos países do Commonwealth. Escrito diretamente pelos monarcas, sem o aval dos primeiros-ministros, este tipo de discurso constitui um elemento fundamental para estudar também a evolução do estilo gramatical.
Seria interessante analisar o conteúdo dos discursos régios. Fiquei impressionado, no final de 1996, ao ouvir no discurso de Natal da rainha, a distinção de tratamento dado aos países por ela visitados. Na República Checa, recebida por Vaclav Havel, Elizabeth II saudou os esforços para a consolidação da democracia. Num país asiático, governado com mão de ferro por um régulo, ela mencionou apenas a aliança com os britânicos e a amizade entre os dois povos. Ou seja, para gente fina da Europa, a democracia. Para os outros, a complacência da aliança britânica.
Falei nisso para voltar a Pinochet e às homenagens prestadas por Lady Thatcher à memória do dito cujo. Thatcher se referia, primeiro e sobretudo, aos favores logísticos e militares do ditador chileno à Força Expedicionária britânica durante a guerra das Malvinas (abril de 1982). Pouco se lhe dava que o Chile fosse uma ditadura.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que a Dama de Ferro tinha a ditadura militar em altissima conta e, se pudesse, teria afogado os mineiros nos canais de Manchester!
Como não podia, arruinou a vida dessas pessoas e destruiu as comunidades onde viviam.

Anônimo disse...

A proposito, vocês devem ter visto Charbons Ardents? A ruina e a destruição as quais me referi foram documentadas em South Walles.
Sobrou a autogestão...