A rainha Elizabeth abandona a sua fala aristocrática em favor da linguagem comum dos ingleses. No outro pólo, Lula instaura a fala popular no topo do poder político brasileiro.
O discurso político varia muito em nosso país. Engloba desde políticos que falam, ou falavam, de maneira pernóstica, como Jânio Quadros, até outros tantos falantes de fala alforriada do vernáculo. Ulysses Guimarães, como Ary Barroso (« a merencória luz da lua », "mulato inzoneiro"), usava preciosismos. Certa volta, atacou os bancos estrangeiros que cobravam juros “onzeneiros” do Brasil. «Onzeneiro » -, extorsivo -, é palavra que deve ter ficado entalada no século XVII. Imagino que Ulysses a leu, junto com a explicação, no prefácio muito divulgado que Rodolfo Garcia escreveu sobre a obra Diálogos das Grandezas do Brasil ( de 1618, ver página 39 da versão em pdf, sem o prefácio de R. Garcia).
Lula terá, durante 8 anos seguidos, sua fala oficial e coloquial instaurada no centro do poder político nacional. Hoje, nem a direita mais reacionária tenta ridicularizar o presidente por sua maneira de cortar os plurais das palavras, etc. e tal. Estou persuadido que daqui 50 anos os linguistas datarão, da presidência Lula em diante, uma virada na língua portuguesa do Brasil e sua maior aproximação com a linguagem popular.
A propósito, torna-se curioso ouvir, nas conferências dos países lusófonos, Lula falar o português reconstruído pelo povo brasileiro com governantes nacionalistas africanos que falam o português certinho, ou melhor, castiço, vindo de Lisboa ou de Coimbra.
A respeito do vaivém da língua portuguesa, escrevi há tempos uma crônica na « Veja », que se encontra num sítio português sobre o idioma de Camões e de Machado de Assis.
O discurso político varia muito em nosso país. Engloba desde políticos que falam, ou falavam, de maneira pernóstica, como Jânio Quadros, até outros tantos falantes de fala alforriada do vernáculo. Ulysses Guimarães, como Ary Barroso (« a merencória luz da lua », "mulato inzoneiro"), usava preciosismos. Certa volta, atacou os bancos estrangeiros que cobravam juros “onzeneiros” do Brasil. «Onzeneiro » -, extorsivo -, é palavra que deve ter ficado entalada no século XVII. Imagino que Ulysses a leu, junto com a explicação, no prefácio muito divulgado que Rodolfo Garcia escreveu sobre a obra Diálogos das Grandezas do Brasil ( de 1618, ver página 39 da versão em pdf, sem o prefácio de R. Garcia).
Lula terá, durante 8 anos seguidos, sua fala oficial e coloquial instaurada no centro do poder político nacional. Hoje, nem a direita mais reacionária tenta ridicularizar o presidente por sua maneira de cortar os plurais das palavras, etc. e tal. Estou persuadido que daqui 50 anos os linguistas datarão, da presidência Lula em diante, uma virada na língua portuguesa do Brasil e sua maior aproximação com a linguagem popular.
A propósito, torna-se curioso ouvir, nas conferências dos países lusófonos, Lula falar o português reconstruído pelo povo brasileiro com governantes nacionalistas africanos que falam o português certinho, ou melhor, castiço, vindo de Lisboa ou de Coimbra.
A respeito do vaivém da língua portuguesa, escrevi há tempos uma crônica na « Veja », que se encontra num sítio português sobre o idioma de Camões e de Machado de Assis.
3 comentários:
Li a crônica na Veja, de tempos atrás.
Agora uma dúvida. Você é de Itajaí ou São Paulo, como eles colocaram.
Outra coisa, pelo que eu lembre, o têrmo "embaciado" se usa em Santa Catarina, ou seja, voltando às origens??
O correto seria embaçado. Sou de Itajaí também, e achei estranho a primeira vez que ouvi o termo certo.
Abraços
"...com governantes nacionalistas africanos que falam o português certinho, vindo de Lisboa ou de Coimbra...."
Nós falamos o quê? Português erradinho? É por esse tipo de preconceito de lusitanistas como você com a fala do povo brasileiro que eu digo: EU FALO BRASILEIRO!
Lembrem-se todos da "Carta pras Icamiabas" de Macunaíma.
Milton Ohata
Postar um comentário