Chego em casa em Paris, depois de dois meses no Brasil.
Fiz 18 viagens de avião pelo Br, entre as quais uma de Manaus a Porto Alegre, com escala em Guarulhos, na noite do crash do avião da TAM. Dei nove palestras no RS, SE, SP, RJ e MG. Para mim, foi muito bom e muito interessante. A palestra do ciclo “Mutações” organizado por Adauto Novaes e o Ministério da Cultura está aqui.
No meio tempo, o casal de colegas com quem eu tinha deixado meu apê em Paris esqueceu uma torneira meio aberta. Teve vazamento na vizinha de baixo, rolo com a proprietário e confusão com o seguro. Encanei de encanador e resolvi outro problema num cano de entrada da água.
Depois fui fazer compras e vi que o Monop aqui do lado e as mercearias vizinhas não vendem mais um produto que,esborrifado na roupa sêca, deixava as camisas quase passadas. Nos EUA tem vários troços deste gênero pra vender. Aqui havia dois . Um desapareceu e agora o outro está sumindo. Complô do capitalismo contra os homens autonomos que não sabem passar roupa a ferro? Aliança espúria entre as lavanderias de quarteirão e os grandes fabricantes?
Cortei o cabelo nobarbeiro árabe do marché d’Aligre . Ele tem uma filosofia: o cara que senta na cadeira dele é como quem entra num avião: não pode dar mais palpite e se entrega na mão do piloto.
Leio daqui a entrevista que dei na sexta, antes de viajar, para Gabriel Manzano Filho, do Estadão. Malgrado a competência de Gabriel, minhas respostas, lidas a 12 mil km de distância, parecem agora pouco incisivas. Dizer que a classe média é heterogênea é quase um truísmo. Eu devia ter insistido mais sobre a mudança sociológica que está ocorrendo nos diversos componentes destas camadas sociais e sobre a desordem do sistema federativo e eleitoral. A respeito da nova composição da classe média brasileira, a imprensa (e até o Economist) e o IBGE já assinalaram o essencial. Falta agora um bom sociólogo trabalhar este assuntão: dará um belo livro.
Trouxe muitas anotações do Br . Com mais calma e o escritório só meu que vou ter agora, escreverei algumas nos próximos posts.
Fiz 18 viagens de avião pelo Br, entre as quais uma de Manaus a Porto Alegre, com escala em Guarulhos, na noite do crash do avião da TAM. Dei nove palestras no RS, SE, SP, RJ e MG. Para mim, foi muito bom e muito interessante. A palestra do ciclo “Mutações” organizado por Adauto Novaes e o Ministério da Cultura está aqui.
No meio tempo, o casal de colegas com quem eu tinha deixado meu apê em Paris esqueceu uma torneira meio aberta. Teve vazamento na vizinha de baixo, rolo com a proprietário e confusão com o seguro. Encanei de encanador e resolvi outro problema num cano de entrada da água.
Depois fui fazer compras e vi que o Monop aqui do lado e as mercearias vizinhas não vendem mais um produto que,
Cortei o cabelo no
Leio daqui a entrevista que dei na sexta, antes de viajar, para Gabriel Manzano Filho, do Estadão. Malgrado a competência de Gabriel, minhas respostas, lidas a 12 mil km de distância, parecem agora pouco incisivas. Dizer que a classe média é heterogênea é quase um truísmo. Eu devia ter insistido mais sobre a mudança sociológica que está ocorrendo nos diversos componentes destas camadas sociais e sobre a desordem do sistema federativo e eleitoral. A respeito da nova composição da classe média brasileira, a imprensa (e até o Economist) e o IBGE já assinalaram o essencial. Falta agora um bom sociólogo trabalhar este assuntão: dará um belo livro.
11 comentários:
Professor,
Primeiramente, bienvenue à Paris, estou certo que o inverno brasileiro foi muito mais quente (em todos os sentidos) que o francês.
Em seguida, a palestra do ciclo "Mutações" não esta acessivel. Não sei se poderia fazer algo a respeito.
Por fim, otima dica de leitura com o link de The Economist. Pelo menos à partir de Paris esta muito dificil de acompanhar os impactos do crescimento e do enriquecimento brasileiro na população. Mas o que ainda sinto é um efeito efêmero de enriquecimento do PIB (com todas as suas consequências de ciclo econômico curto na população) pelo comércio exterior de commodities, sem lastro no aumento sustentavel da base industrial e do setor de serviços, o que poderia continuar alimentando o aumento da classe media.
Mas acho que uma das principais medidas conexas a uma melhor distribuição de renda tem sido priorizada (ao menos nos discursos e nos projetos): a educação, acompanho os projetos da Federal de São Paulo e as oportunidades são inéditas, veremos.
Ainda engatinhamos...
abraço
Obs: acho que no ATAC ainda tem o produto que esta procurando!
Até nas peculiaridades do cotidiano vc é supreendente!
Que bom que achei esse blog!!
abracs e tudo de bom!
Professor,
Acho que uma alternativa é borrifar apenas água nas camisas e deixá-las em cabides secando, os vincos mais profundos somem.
abraços.
Professor,
Acho que uma alternativa é borrifar apenas água nas camisas e deixá-las em cabides secando, os vincos mais profundos somem.
abraços.
Professor,
Li sua entrevista ao Estado e fiquei intrigado com sua idéia de que a pobreza tem que se resolver por mecanismos de mercado e não por políticas estatais. Isso quer dizer que minha leitura predileta dos tempos de Unicamp, que foi o Karl Polanyi, já está superada? Na minha opinião o senhor quis se referir à situação dos países desenvolvidos, que realmente tiveram Welfare State...
Olá, Alencastro! Vc esqueceu de registrar sua entrevista dada a um programa da TV Câmara... Esqueci o nome agora.
Acho que um ótimo assunto (que causou muito rebuliço aqui na imprensa) seria falar do livro "A cabeça do brasileiro" do Alberto Almeida. Chegou a ler? P.S.: Ele chegou até a dar uma entrevista no Roda Viva.
Caro Prof. Alencastro e Colegas Blogueiros,
A grande “tacada” política da grande mídia
Sabe-se que a grande mídia teve uma derrota como nunca antes na historia das eleições no Brasil, fato esse propalado ate por diretor de redação de jornalões, ao falar assustado: “Se acontecer será um fato novo, pois isso nunca aconteceu antes”.
A partidarização tem sido uma constante da grande mídia no Brasil e na América Latinas nos últimos dois anos, para dizer o mínimo, na grande maioria com derrota acachapante, como vem comprovando as analises e estudos sobre o fato que vem sendo divulgado aqui e lá fora.
Esta ficando cada vez mais claro e transparente a guerra entre “Os Donos do Poder” (livro de Raimundo Faoro), por um lado à elite secular que esteve no poder desde a fundação da Republica (Inacabada, como bem disse Fabio Konder Comparato) muito bem representada hoje pela grande mídia e setores políticos do centro-direita, e por outro lado à formação de uma nova elite capitaneado pelo Presidente reeleito, Lula. Algo diz que a guerra dos bastidores do poder esta assumindo ares de manchete da noticia.
Os sinais de que a derrota foi de uma “primeira batalha” e não “derrota de uma guerra” estão pipocando por todos os lados. Esta havendo uma constante manipulação da informação pelos jornalões e pelas TVs que vem desde apos a eleição de Lula em 2002 em uma escalada, a mais recente, com vídeos, é a denuncia no site do Luiz C. Azenha sobre fatos ocorridos em 2004 no governo de Minas: Jornalistas de Minas denunciam pressão do governo Aécio e demissão de quem não "se enquadra". Lembrando o estilo Serra de tratar os jornalistas.
Os casos de demissões de jornalistas vem de longa data, um dos mais comentados foi do jornalista Franklin Martins, da rede globo em 2006 e muito outros apos as eleições.
Ainda não esta claro se existe formalmente um “cartel” da grande mídia, mas esta mais que claro que eles querem virar o jogo e vencer a guerra, apostando numa cartada tipo Serra-Aécio para 2010.
O nível da guerra política poderá comprometer o jogo democrático e a democracia no Brasil.
Gostaria de dizer que a frase acima, “A grande tacada...” e uma referencia aos movimentos de jogatinas financeiros desde o inicio da Republica no Brasil, com Rui Barbosa, ate a implantação da moeda Real nos anos 90’s, com os economistas da era FHC, termo brilhantemente resgatado e citado no livro “Os Cabeças-de-Planilha” - Como o pensamento econômico da era FHC repetiu os equívocos de Rui Barbosa, do jornalista Luis Nassif. Livro este condenado a entrar para o rol de livros a serem lidos sobre a historia do Brasil, tal qual a sua importância.
Sds,
João sebastião Bar
Professor, fiquei curioso em saber qual a sua opinião sobre esse post do Rodrik:
http://rodrik.typepad.com/dani_rodriks_weblog/2007/09/the-long-lastin.html
como encontrou os incêndios florestais aí na europa neste final de verão 2007, mestre luiz?
De fato, faltam estudos em geral sobre a classe média no Brasil, talvez porque o objeto seja difícil mesmo de estudar, talvez, triste demais. Abs
Professor,
Imagino que vosso tempo é escasso, mas se puder, dê uma olhada neste artigo do Le Monde:
http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0,36-956565,0.html
"L'Amazonie asphyxiée par le soja"...
Nem sei por onde iniciar as criticas, mas o pior é que nem pude deixa-las registrado publicamente no site, direito so garantido aos assinantes!
Ah la France...
abraço
Alexandre Rocha
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