Ontem de manhã, na entrada do metrô, havia pilhas de um novo jornal gratuito, MatinPlus.
Não é o primeiro, nem será o último periódico deste gênero, verdadeira praga, a espalhar-se pelas calçadas parisienses. A diferença é que o Le Monde aparece como um dos dois sócios de MatinPlus. Por que o grande cotidiano francês entrou numa parada destas? Para alcançar os leitores matinais de Paris (o Le Monde aparece como um dos raros grandes cotidianos que ainda é vespertino), morder um mercado publicitário específico e, enfim, para atrair, de tabela, novos leitores. Tanto para o próprio Le Monde como para suas publicações associadas (Courrier International, Cahiers du Cinéma). Pelo menos é o que está dito no artigo do editor do Le Monde.
Nem todo mundo está de acordo.
Libération, matutino e vítima potencial de MatinPlus (cuja tiragem atinge 350.000 exemplares), duvida que ainda haja muito chão neste quadrante do mercado publicitário. O artigo de Libération é meio fatalista. Mas os donos das bancas de jornais saíram para o pau. Hoje, metade das bancas de Paris estavam boicotando a venda do Le Monde. O sindicato da categoria acha que a empreitada prejudica os jornaleiros e dá um tiro no pé dos jornais pagos.
De fato, os tablóides gratuitos criam uma relação tão fuleira com o leitor que viram entulho na hora: lidos nas coxas, eles vão logo para a lixeira da calçada. Donde, a observação feita por um jornalista de Libération: o gesto de trazer seu jornal preferido debaixo do braço, será interpretado, daqui em diante, como um ato de resistência à invasão de jornais grátis.
A outra face do problema aparece na ilustração acima, cartaz do Festival de Cinema de Saint-Denis, banlieue parisiense, cujo tema é a crise da mídia. O título do Festival -, “Media Crisis” -, vem do livro homonimo do cineasta inglês Peter Watkins, o qual explica a expressão: “Media Crisis retrata a irresponsabilidade crescente dos mass media audiovisuais e seu impacto devastador sobre o homem, a sociedade e o meio ambiente...”
2 comentários:
Não entendi qual é a do Le Monde.
acho que os jornaleiros franceses têm razão: o Matinplus é um tiro no pé do Le Monde
Pelo contrario, acho que eh uma iniciativa do proprio Monde para parecer mais moderno/menos intelectual. Se eh boa a iniciativa, se vai funcionar, nao sei mas acredito que seja um tiro mais no pe do Libe que recuperou nos ultimos anos muitos antigos leitores apressados que nao aguentavam mais o Monde.
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