Outro dia, no texto sobre a morte do grande Bento Prado, uma reportagem online dizia que a ditadura o havia «caçado » de seu cargo de professor de filosofia na USP. Mais tarde, o texto foi corrigido: no final das contas, Bento havia sido “cassado” de seu posto de professor. Isto quer dizer o quê? Quer dizer apenas que há repórteres ignorando que o verbo “cassar” existe e foi conjugado em vários tempos e modos no Brasil, alguns anos atrás.
Ontem, o chanceler Celso Amorim, numa conferência no Rio durante a reunião do Mercosul, referiu-se aos “Mercocéticos” descrentes no desenvolvimento do Mercosul. Tratava-se, obviamente, de uma adaptação da palavra “Eurocético”. Banal na Europa há muitos anos, “eurocético” refere-se aos que, em diferentes graus, opõem-se à União Européia (UE). A palavra não é forçosamente pejorativa. Há eurodeputados no Parlamento de Strasbourg que assumem tranqüilamente seu estatuto de eurocéticos.
Nenhuma das reportagens dos jornais brasileiros fez referência à palavra européia. Os jornalistas registraram "mercocético" como uma palavra estranha. Mas não perceberam a analogia com o caso da UE e ficaram por ai mesmo. Isto quer dizer o quê? Quer dizer apenas que há repórteres e chefes de editoria internacional dos jornais brasileiros que desconhecem a palavra "eurocético" e os debates na União Européia.
Um comentário:
isto é a prova que a Internet não serve pra nada quando não existe um minimo de curiosidade intelectual
Soninha
Postar um comentário