domingo, 3 de dezembro de 2006
Jornais boreais I
Houve nesta semana dois acontecimentos decisivos na evolução da imprensa. O primeiro foi a notícia vinda dos EUA, informando que dois jornalistas influentes do Washington Post estavam saindo do jornal para abrir seus próprios sítios web (desculpe aí tchurma, mas guardo uma opção preferencial pela nossa língua inculta e bela, mais próxima do latim que o inglês, donde nos despejam uma carrada de expressões de origem latina, como é o caso da palavra site).
Fundadores do sítio, as duas estrêlas do jornal, o redator chefe de política, John Harris, e o reporter Jim VandeHei, explicam que a iniciativa permitirá reduzir a distância entre o leitor e os repórteres. Na verdade, eles vão se apoiar também na «velha imprensa ». Seu sítio será associado a um novo jornal -, daqueles de papel de embrulhar peixe e de tinta de sujar as mãos -, The Capitol Leader, publicado 3 vezes por semana em Washington a partir de janeiro. Além disso, os dois jornalistas participarão regularmente da importante emissão da CBS, Face the Nation.
De todo modo, o fato é inédito. Pela primeira vez dois grandes jornalistas saem de um jornal de primeiro plano para fazer-lhe concorrência a partir da Internet.
A segunda notícia vem daqui mesmo. O número desta semana (29/11) do semanário Paris Match traz uma publicidade original da Audi, o fabricante de automóveis alemão. Numa página dupla, há um anúncio com uma promoção que age de maneira interativa com a Internet. O cara compra a revista na banca da esquina, fotografa um tag (um gênero de código-barra) com seu celular conectado à Internet, e recebe um brinde, o software Freetag.
O objetivo da operação está explicado em francês.
Os dois acontecimentos são exemplares. No caso do Washington Post a imprensa escrita perdeu para a Internet. No caso do Paris Match ela tenta tirar proveito da Internet.
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3 comentários:
e a televisão? também não ferra os jornais?
Caro professor Luís Felipe:
foi com muita alegria q descobri o seu blogue.
os jornalistas já acordaram há algum tempo para o potencial da internet como veículo de comunicação...
eu pergunto: e a academia? qdo vai acordar para esse fato? seu "sítio" é uma iniciativa pioneira na blogosfera brasileira. espero q tenha vida longa e inspire outros a aderirem...
grande abraço,
Diego (doutorando em Ciência Política - USP)
Luiz Felipe
Talvez o caso americano seja mais parecido com o nosso, carente de liberdade de ação. Lá, com certeza os jornalistas querem mais autonomia para seus comentários. Um jornalão, seja onde for, sempre tem lá suas limitações, para não dizer compromissos. Aqui, a busca da internet é a única saída para fugir da manipulação da grande mídia, e a única forma também para desmascará-la.
Já o caso francês quem sabe indique o futuro da imprensa neste século XXI. Talvez.
cid cancer
mogi das cruzes - sp
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