De vez em quando há um evento impactante nestas paragens que passa totalmente despercebido no Brasil. Para ficar só nos casos mais imediatos, chamo a atenção para o Tratado internacional sobre o ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), cuja descrição - aqui linkada no Herald Tribune e num site científico português - ilustra a dimensão geopolítica da empreitada. Os sete parceiros envolvidos no projeto ITER (a Comunidade Européia de Energia Atômica, formada pela União Européia e a Suíça, o Japão, os EUA, a Rússia, a China, a Coreia do Sul e a Índia) concentram esforços para produzir, num futuro mais ou menos próximo, a energia de fusão nuclear. Limpa e praticamente inesgotável –, pois poderá ser extraída da água do mar –, esta « energia das estrelas » apresenta-se como uma aposta decisiva para o futuro da humanidade.
Por isso, faz sentido recapitular a longa disputa política que precedeu a decisão de construir este mega-reator em Cadarache, no sul da França. Sabedores de que os custos do projeto seriam muito elevados, os EUA pautaram-se, desde o começo das negociações, pela colaboração internacional. Contudo, desejoso de não dar moleza para a França e para a União Européia, Washington favoreceu a candidatura do Japão que, quase até o final, pensou poder sediar o ITER. Ocorre que a China jamais topou a idéia de ver seu vizinho e velho inimigo receber um presentão destes. No final das contas, a França ganhou a parada depois de fazer concessões aos japoneses, associando-os de perto à preparação do reator e aos seus desdobramentos cientificos e econômicos.
Noutra hora falo da segunda notícia importante e recente que passou em brancas nuvens no Brasil. Ainda mais adiante no Blog, tentarei buscar explicações sobre o pertinaz desinterêsse dos editores e leitores de jornais brasileiros pela política internacional.
Um comentário:
Nem sabia dessa coisa toda!
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